OS RIOS E A EDUCAÇÃO
Hoje quando vi o sol surgindo quase tímido, mostrando a silueta do Morro da Lapinha (recanto onde, na minha infância, constumava caçar passarinho, gambuim e pinhas silvestres), recordei que em muitas dessas aventuras incluíamos tomar banho no rio, em locais que chamávamos "Rio de Beza", "Paraíso","Rio de 'Zabel", "Rio da Ponte", "Cortume", "Areiada" e em tantos outros lugares que nomeávamos o nosso precioso Rio Pardo.
Então, voltei o pensamento para meu período escolar quando, diante do sol ardente de setembro, com a mesma turma de amigos, pulávamos o muro da escola para "aliviar o calor" nas águas pardas do rio. Bons tempos aqueles!
Isso me levou a observar o quanto é interessante a relação que tínhamos e temos com o Rio Pardo! (Particulamente, a minha convivência com esse rio!) Tudo faz lembrar momentos de tristeza, de alegria, encantamento, liberdade, descobertas, fantasias... Ele nos fez e nos faz experimentar de tudo um pouco! De certo modo, uma escola ao céu aberto para o aprendizado da vida.
A partir desse momento as palavras de Heráclito de Éfeso - "Ninguém se banha no rio duas vezes porque tudo muda no rio e em quem se banha". - ressoaram do subconsciente me transportando para uma reflexão sobre os caminhos que nos levam ao aprendizado e a forma como aprendemos.
E nesta manhã de janeiro, os primeiros raios de sol me tocaram com uma saudade daquilo que o rio levou (tanto o Rio Pardo como o Rio do Tempo, o Rio da Vida...). Mas uma saudade boa que me fez perceber que o Rio da Nossa Trajetória é semelhante a todos esses rios que convivemos e/ou guardamos na memória. Eles estão em constantes mudanças e, uma vez que nos relacionamos com eles, ambos deixamos de ser os mesmos. E assim segue o curso da vida numa constante interação e troca de experiências, transformando e sendo transformados.
Penso que educar deva ser como todos esses rios. Pois onde há interação, mudança e recíproca, onde se experimenta sentimentos agradáveis, há aprendizado.