MAÕS MÁGICAS

O dia 5 de maio estava chegando. Não um qualquer, mas o dia que eu faria 15 anos. Os preparativos estavam a todo vapor. Jamais uma data dessas, passar em branco. Principalmente quando se tratava de uma filha de Dona Osanete, a mulher reconhecidamente mais prendada da região.

A vizinhança já esperava o vestido da aniversariante. Uma rápida visitas às lojas e a escolha já tinha sido feita. Com uma rapidez incrível, ela já tinha o vestido prontinho na cabeça. Com um aceno, indica duas peças de fazenda, que Sr. Mendes pacientemente joga sobre o balcão. Duas peças, duas cores... Minha cabeça ainda não tinha alcançado o que iria acontecer. Minha curiosidade era tamanha, que mal chegamos em casa, rasgo o pacote.De dentro esparramam dois cortes: um verde-água e outro rosa-bebe. De início, estranho, mas, a certeza que dalí só sairia uma obra de arte, me acalmou. Minha mãe derrama os tecidos por sobre a mesa, pega uma tesoura e o inesperado, acontece. Ela começa a cortar. Não no padrão de um vestido. E, agora? Sempre que ela estava a costurar não admitia que falássemos. Dizia que atrapalhava a concentração. Já pensou como fiquei, ver o meu tecido se desmanchando em tiras...e...duas cores? Onde o tradicional rosa? Perdeu-se na criação dela.

Aos poucos, as tiras estavam cortadas, algumas costuras, e, fitas se formaram. Cada vez, mais me intrigava. Minha mãe então com uma precisão enorme foi trançando as fitas. Jogava uma verde sobre uma rosa, novamente, mais uma vez. Uma esteira foi se formando. Eu, olhava estasiada...E, a esteira tomou a forma de um vestido. Um lindo vestido. Meu vestido cestado de verde e rosa.

Oi, mãe, acho que nunca fizestes outro igual ao meu. Foi tua obra prima. Também nunca mais vestirei um vestido trançado pelas tuas mãos mágicas.