Flopenhague
A alvissareira 15ª Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP 15), iniciada no dia 7 de dezembro de 2009 em Copenhague, não terá um acordo vinculativo e legal para a redução das emissões de gases. Inicialmente, foi chamada de Hopenhague, de "hope" (esperança), mas logo ganhou novo apelido, Flopenhague, de "flop" (fiasco). Jovens verdes de todo o mundo devem ter ficado chateados. Que pena.
Esta geração terceiro milênio tem de se preocupar com o futuro. Os rios poluídos, as matas devastadas, o aquecimento global, a extinção dos animais, o derretimento das geleiras, gases tóxicos, lixo (digital?), desastres causados por fenômenos climáticos. Tantos desafios para defender a perpetuação de uma única espécie: os humanos.
Mas isso é fácil e simples! E melhor, está na moda. A "galerinha descolada" é vegetariana ou come pouca carne, planta árvores, só consome produtos que fazem "bem" ao ambiente (não degradam tanto) - de preferência light e com gosto de plástico, carregam eco bags, usam cosméticos que não são testados nos coitadinhos dos bichinhos fofinhos (ai!), separam o lixo reciclável, andam a pé ou de bicicleta, fazem manifestações pró natureza - escalam até o Cristo redentor se for preciso; mas o Cristo é de pedra, totalmente inerte e indiferente, tem mais utilidade no cartão postal.
O fiasco está disseminado em toda parte, não apenas na conferência. Ideais absurdos ecoam desde a Era das Luzes e reverberam nas mentes frescas daqueles que precisam loucamente de uma ideologia para viver - no caso, os mais sensíveis (ainda que tolos). Já os mais brutos utilizam esses ideais como piercing ou um penteado moderninho, bem descolado; e ainda se colocam como engajados e conscientes - o futuro do Bras(z)il.
Diante desse cenário, prefiro ser sujo. Aquele que peida e fica feliz porque o metano liberado vai contribuir com o efeito estufa. Minha vida depende inegavelmente da degradação do que estiver ao meu redor. E vejo que não apenas o meio ambiente se degrada, mas também o homem apodrece e fede. Está na hora de enterrar o cadáver.