COM UM LAR ASSIM...

COM UM LAR ASSIM...

(Autor: Antonio Brás Constante)

O Brasil é o nosso grande lar. Como todo lar necessita de alguém para sustentá-lo, o povo realiza este papel, parecendo um marido à moda antiga. Trabalhando feito escravo e pagando sozinho todas as contas. Carregando o fardo de manter esta imensa morada.

Ele é casado com três mulheres. Elas são conhecidas como: administração municipal, administração estadual e administração federal. Mas não pense que a vida dele é fácil, pois tem de fazer milagres para tentar satisfazer os caprichos das três, que além de monstruosas e inescrupulosas, não parecem nem um pouco preocupadas com a sua felicidade. Nós (povo) casamos com elas quando colocamos nosso voto em suas mãos, escolhendo-as para comandar este lar em forma de nação, estado ou município.

Estas administrações não se governam sozinhas, pois têm que obedecer aos seus vários parentes. Entre eles podemos citar o congresso, a câmara de vereadores, a câmara de deputados, o poder legislativo, o senado, etc. De um modo geral, estes parentes não se dão muito bem com o povo, ou mesmo com as administrações, pois parecem estar sempre contra eles.

Os demais políticos estão divididos em dois grupos, formados por várias siglas. No primeiro estão os amigos íntimos das administrações, aliados das mesmas. O segundo é composto por seus rivais, que lhes fazem oposição, pois gostariam de estar no lugar delas, não porque gostam do povo, mais porque adoram as mordomias que elas recebem.

Todos esses grupos dizem ao pobre marido que ele pode seguir sua rotina de trabalho sossegado, pois eles irão cuidar bem de suas três esposas. Porém, enquanto o povo trabalha sem descanso, as administrações juntamente com seus parentes e amigos ficam se divertindo com a grana dele, transformando a nação em um antro de patifarias.

Tudo começa com uma lua-de-mel platônica, que antecede o casamento. Onde o povo é seduzido com inúmeras promessas feitas por suas esposas para que se case com elas. Passado o cerimonial conhecido como eleição, ele finalmente percebe que caiu em uma espécie de golpe do baú. Pois são raras as ocasiões em que alguma delas realmente se mostra comprometida em ajudá-lo a amenizar suas necessidades.

No geral ele passa a odiar as três administrações, pois elas fazem-no de bobo. Traem a sua confiança, e gastam todo o seu dinheiro em orgias financeiras com seus aliados e opositores (que são agraciados com presentinhos milionários para esquecerem suas diferenças e se manterem como parceiros nas falcatruas organizadas pelas mesmas).

O povo gostaria que essas esposas, escolhidas por ele, lhe agraciassem com boas filhas, tais como: a saudável SAÚDE, a inteligente EDUCAÇÃO, ou a protetora SEGURANÇA. Mas quem acaba sendo criada no seio deste lar é a perversa VIOLÊNCIA, a horrível MISÉRIA, e a desprezível CORRUPÇÃO.

Essas criaturas monstruosas são na verdade frutos dos casos e descasos das três administrações com seus amigos íntimos, que deitam e rolam com elas enquanto o povo trabalha, sofre e se desespera.

Enfim, o tempo passa e o povo fica perguntando a si mesmo: “como fazer para não escolher errado?”. Sem saber que na política, os erros existem simplesmente porque não existem escolhas certas.

(SITES: www.abrasc.pop.com.br e www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc)

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 31/07/2006
Código do texto: T205776