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    Crônica do Oportunismo



 
    Gostar do que é belo é fácil! Quando o filho é bonito, surgem pais em profusão! Cotidianamente, projetos são árdua e lentamente elaborados por indivíduos tecnicamente bem preparados, sem que despertem nenhum interesse geral, até o dia em que se descortinam como interessantes ao notório clamor popular, quando então repentinamente (os projetos...) tornam-se obras admiráveis, disputadas ferrenhamente por todo e qualquer ignóbil oportunista de plantão, seja no campo político, religioso, social ou qualquer outra área antropológica que se apresente! 

     Estes abutres à espreita, em nome do oportunismo, sabem como ninguém vislumbrar o provável sucesso alheio, bem como também farejar as possibilidades de fracasso, valendo-se de seus torpes e aguçados sentidos na tarefa de surrupiar os louros do próximo ou até mesmo abandonar o barco antes de algum previsível naufrágio! Assim sempre foi! Assim sempre será! Desde os mais tenros anos de educação básica, aprende-se a infame arte de usufruir-se do labor de colegas mais “caridosos“ ou até mesmo mais ingênuos, os quais perdem preciosos e longos momentos, a fim de perpetuar o bem comum! Mas que mal haveria em tal atitude? Apenas divertir-se enquanto um ou dois mais “cristãos” labutam em benefício de todos? Afinal, alguém tem que se dedicar com afinco ao ato de produzir, senão como se sustentaria o ócio de outros tantos? Trabalho é vida, diz uma máxima verdade humana, mas muitos parecem não acreditar em tal afirmação, insistindo em tentar contrariá-la (a máxima verdade...). 

     A grande solução final para todos os males da humanidade contemporânea... A redenção definitiva, mágica, mirabolante e tão decantada por todos, na realidade se traduz em simples enredo: educação e respeito aos limites! Simples como se observa na natureza o delimitar de um território animal, ou como o disputar de uma fêmea por vigorosos machos, que uma vez derrotados recolhem-se inconteste a outras paragens, ou ainda pelo bom andamento de sociedades ditas “primitivas”, muitas vezes descortinadas em lugares ermos e desprovidos de modernas facilidades, onde as crianças ainda obedecem aos pais, e os jovens ainda têm nos idosos e bem sucedidos seu espelho de vida!

     Se pudéssemos fazer desacelerar o ritmo evolutivo, despojando-nos de valores vis e capciosos... A tecnologia e a modernidade seriam amplamente bem-vindas, desde que acompanhadas de medidas que promovessem qualidade de vida, o que indubitavelmente se tornaria impossível sem o esforço e mérito próprio de cada um de nós... 

     A exploração inescrupulosa do esforço alheio e a construção do patrimônio encimado em terceiros podem fazer bem ao bolso, mas certamente muitíssimo mal à alma... Haja vista a escancarada decadência vivenciada por muitos herdeiros de profissão!

     Mas e quanto a você? Tem edificado sua própria história? Senão... Quem sabe ainda caiba uma mudança de atitude?

Max Rocha
Enviado por Max Rocha em 29/01/2010
Reeditado em 09/03/2010
Código do texto: T2057286
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