Meu doce pavê

Um belo dia alguém me disse assim por alto, mais ou menos, como se fazia um pavê e lá fui eu experimentar. Comprei biscoito de champanhe, chocolate em pó do Frade e uma garrafa de conhaque. Sábado à tarde era sempre o dia, porque eu não tinha aula, não ia mesmo estudar e a cozinha estava livre da empregada que certamente daria palpites que acabariam por me atrapalhar.

Mingau de leite com maisena eu sabia fazer, então era só acrescentar o chocolate. Essa parte preparada, dispus uma camada de bolacha no pirex e reguei com a bebida. Cobri com o creminho e assim fiz as outras camadas. No final, recobri tudo com o restante do creme. Depois, ainda enfeitei com uma espécie de farofa produzida com a bolacha de champanhe ralada, o que deu um efeito especial, que até brilhava... E o doce foi para a geladeira.

Na hora do jantar veio para a mesa. Todo mundo arregalou os olhos, o que é, o que é? queriam saber. É pavê! Claro que um engraçadinho disse logo que não podia comê, já que era só pavê... Mas todos comeram e gostaram. Ficou bom mesmo.

Animada com o sucesso, no sábado seguinte repeti a dose. E também aumentei um pouquinho a quantidade de conhaque, pois achei que o anterior tinha ficado meio seco. De aparência igual, ele voltou à mesa e fez mais furor ainda. Uma delícia!

Só papai, que jamais punha uma gota de álcool na boca, fez uma cara esquisita ao experimentar o meu docinho. Comeu um pedacinho e fez seu comentário:

_ Já percebi que isto aqui não é pavê nem pacomê... Vocês estão querendo é se embriagar... Devia se chamar pabebê!