LULA, A HIPERTENSÃO ARTERIAL E O POVO BRASILEIRO:

Pois bem, hoje não se falou noutra coisa e a notícia da crise hipertensiva que acometeu o nosso presidente ocupou as manchetes e a mídia da grande maioria dos veículos de imprensa e comunicação daqui, e acredito que do mundo, pois o mesmo não pode comparecer na Suíça para receber o prêmio de maior Estadista do mundo.

Espero, sinceramente, que o presidente se recupere logo.

Mas um fenômeno interessante tem ocorrido quando determinada figura pública adoece.

Claro, pessoas de importância e relevância públicas sempre têm sua intimidade invadida quando se tornam doentes.

Os mais recentes dos adoecimentos de políticos famosos que tornaram-se noticias foram os de José de Alencar, nosso vice-presidente, o de Dilma Roussef, nossa candidata a presidenta, e agora do nosso presidente, sempre candidato a "presidenciar" algo ou alguém, em algum lugar, o que em última análise significa stress, muito stress! Para ele...e para nós!

Sinceramente, ultimamente evito ser presidente de qualquer coisa, até da minha vida!

Afora os políticos tivemos também a novelista Glória Perez, e a apresentadora Hebe camargo.

Excetuando-se o presidente Lula, os demais, infelizmente, com doenças menos comuns,e de maior complexidade.

Porém a Hipertensão Arterial Sistêmica, dentre as doenças cardiovasculares é a mais frequente atingindo aproximadamente cerca de vinte a vinte e cinco por cento da população, segundo algumas estatísticas.

Deste enorme percentual, cinquenta por cento dos doentes não sabem que a têm, porque em grande parte das vezes não há sintoma algum que a denuncie, caracterizando-se como doença insidiosa, o que lhe confere maior potencial de gravidade.

De repente um evento cardiológico faz com que seja diagnosticada...tarde demais!

Dos que sabem que são hipertensos, metade não se trata.E dos que se tratam metade estão fora das metas de tratamento orientadas pela sociedade brasileira de cardiologia ou pelas guidelines das demais sociedades cardiológicas do mundo.

Portanto, a Hipertensão Arterial Sistêmica faz muitos óbitos anuais aqui e no mundo, caracterizando-se como grande problema de saúde pública, e também gerando grande impacto financeiro para o orçamento da previdência social.

Mata pela maior incidência de Infarto Agudo do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral, Insuficiência Renal Dialítica e Doenças Vasculares Periféricas.

Sua causa quase sempre é de base genética hereditária, aonde o estilo de vida tem preponderante participação no desencadeamento do quadro.

Stress, excesso de trabalho, álccol, fumo, obesidade sedentarismo, excesso de sal e alterações das gorduras sanguíneas são os co-fatores que juntos aceleram o seu aparecimento.

Seu tratamento quase sempre é bem sucedido, e hoje já contamos com vasta e moderna farmacopéia para domá-la, mas a colaboração do paciente é o ato mais fundamental para o sucesso do seu controle.Não falamos em cura de hipertensão, ou melhor, apenas cinco por cento delas podem ter um fator que, se removido, leva à cura dos índices alterados. Os noventa e cinco por cento restantes apenas se controla com remédios PARA TODA A VIDA.

Mas quero alertar para o fato de que:

O povo brasileiro morre muito de hipertensão. É uma doença que lidera as nossas estatísticas.

O povo brasileiro, anonimamente, muitas vezes também morre nas filas da previdência antes de conseguir fazer , por exemplo, ao menos um cateterismo cardíaco para esclarecer se uma dor no peito por crise hipertensiva pode ser prenúncio dum infarto do miocárdio.

O povo brasileiro vive a trabalhar hipertenso,(inclusive eu já trabalhei!) porque muitas vezes a previdência social acredita que dá para tocar a vida com hipertensão de dezoito por doze...ou mais!, pois alega que é o paciente que não se cuida , e a culpa é toda dele.

O povo brasileiro tem uma cesta básica de medicamentos anti hipertensivos ...bem básica mesmo . A farmacoterapia de ponta nem sempre é disponível no setor público, e os medicamentos de ponta não são acessíveis ao bolso do povo brasileiro.

Conclusão: O povo brasileiro, solidariamente ao nosso Presidente, também está bem Hipertenso, e cá entre nós, não é para menos!

É tanto compromisso, tanto imposto salgado, tanto stress para pagar as contas dos corruptos, do engordurado custo de vida, tantas horas sem dormir por medo da violência urbana, medo das enchentes, medo dos desabamentos, medo do lixo, medo da dengue, medo da leptospirose dos ratos, enfim, um terreno mais que propício para se ser um legítimo hipertenso...para todo o sempre.

Só uma diferença quanto à silenciosa hipertensão do povo brasileiro: Ela curiosa e injustamente não desperta a mídia, não é manchete dos jornais e não corrobora para a sensibilização das urnas.

Pobre povo brasileiro...tão imprestavelmente hipertenso...