A QUEM ELAS PENSAM QUE ENGANAM?

Conheço muitas mulheres avulsas. Algumas nunca juntaram as escovas de dentes, nem dividiram o edredom com ninguém. Outras juntaram todas as tralhas que dois seres humanos precisam para viver juntos e, algum tempo depois, tiveram que separar.
Em ambos os grupos de solitárias independentes percebo que rola um clima arqueológico. Onde todas, sem exceção, feito incansáveis arqueólogas buscam encontrar sob as ruínas dos encontros casuais e descartáveis um sentimento raro, suspeitosamente extinto; o amor legítimo.
Por mais que neguem, disfarcem, desconversem, jurem de pés juntos que não querem nada sério com ninguém; mulheres ímpares estão à procura de alguém que as torne par. Um ombro onde possam recostar a cabeça cansada de baladas ilusórias. Uma mão (ou duas) que ampare a sua. Um corpo que divida o mesmo espaço. Uma mente que seja cúmplice. Um coração que reabasteça o seu.
Com certeza alguém vai protestar em pensamento: “os homens também!” Do que não discordo. Mas, por enquanto, vou falar somente das mulheres.
A quem elas pensam que enganam? E por que tentam enganar?
Quanto mais mulheres (independentemente da idade, do manequim, da altura, da profissão que as catalogue) fingirem uma superficialidade que não lhes pertence, mais o amor estará sendo soterrado.
Ou seja, as intrépidas exploradoras na ânsia de achar alguém valioso de sentimentos acabam, na maioria das vezes, trocando os pés pelas mãos, as mãos pelo corpo, o corpo pelo corpo... Como preferirem.
É tudo muito urgente. Se não agarrar agora talvez ele fuja. Se ele fugir outra agarra. Se ele agarrar eu não fujo. Invariavelmente ele agarra e foge. O amor falsificado se espatifa e os cacos rasgam o coração.
Então, ela jura que está tudo bem. Que para quem não esperava “ficar” mais do que duas semanas, acabou “ficando” um mês! Que valeu cada segundo da tórrida aventura. Afinal, a vida é feita de aventuras e ela é uma assumida aventureira por toda a vida.
A quem ela pensa que engana?
Talvez algumas pessoas acreditem. As amigas até apóiem este lado independente de ser. Os homens contribuam para fazer valer este decreto... Mas e ela? Será que a própria mulher crê na sua historinha pra boi dormir? Será que ela realmente só quer dormir... Depois de rolar?
Eu acho que não.
Pode ser um “achismo” antiquado, sonhador e romântico; e é! Mas até onde sei o coração de toda mulher que conheço também é. E ele busca ser amado de verdade!
A atual confusão de comportamento está transformando o amor num estilo brega de sentir. Mulheres antenadas, modernas e descoladas sujeitam-se a curtir numa boa a moda reciclável: “Usou, descartou. Está refeita para uso!” E isto, na verdade, não passa de um embuste delas com elas mesmas.
Até quando elas irão continuar se enganando?
Temos que admitir que toda mulher é um poço de sensibilidade sim. Uma sonhadora incorrigível. Uma amante à moda antiga, ainda que queira posar de ficante à moda atual.
E como já citei, as muitas que conheço não enganam a mim e, certamente, nem a elas mesmas. Não estão sozinhas por opção coisa nenhuma! Estão sim, por falta de opção, por falta de alguém que as ame e as respeite pra valer, por falta de um homem que.... Por falar neles...
A quem eles pensam que enganam?








Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 28/01/2010
Reeditado em 28/01/2010
Código do texto: T2055921