O segredo (in)terno
Em um solstício lento – no entrave magnético do verão -, pelo profundo e tênue canto lírico do mar hermético, vi, descalço, que meu ser caminhava a simplicidade da ventania, e chorava quieto – como quem ouve, em verdade, um réquiem funéreo. E como o descompasso da vida me viesse imerso, vi-o sentar e sentir o chão com o tato; a areia deserta, seca e quente, lhe era por onde um aquário de indulgências, onde seu (meu) ser agonizava. Por quem vê mais que a calmaria dos olhos, me vieram as ondas arrebentar o tocante silêncio da emboscada; e, frígidas, fizeram-me desconhecer eu mesmo, pois me via à distância. Correndo quieto, aproximei-me do que mais se parecia comigo sem me ser: a representação do eu era. E auscultei-o. Criança, realizei... Não passa de um protótipo da minha real imaginação. Busquei-lhe os olhos, e ele – rápido feito a luz do universo – escondeu-os de mim (tristeza...). Se pudesse me ver, filho, ao menos saberia não onde ir, mas por onde não caminhar. Se o deserto que fui ontem visse-me hoje, aprenderia ao menos algumas ofertas que a vida presenteia-nos, e nós (ou eu’s?) desatamos a desacreditá-las.