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VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA A LIBERDADE?
Chega uma hora em que todo adolescente manifesta o desejo de querer sair sozinho, distante da companhia dos pais. Comigo não haveria de ser diferente. Aos doze anos minha filha pediu para ir sozinha ao colégio e alguns lugares.
O meu filho de dez anos vendo a irmã, também quis ir a padaria sozinho quando sentisse vontade de um sorvete ou comprar qualquer outra besteirinha. Como a padaria fica próximo de casa, permiti. Foi duas vezes para não querer ir mais. É que outro dia ele assistiu uma reportagem sobre crianças e adolescentes desaparecidos. Uma mãe relatou que a filha havia ido a padaria comprar pães e nunca mais voltou para casa. Havia sido levada por um homem. Depois disso meu filho disse:
“- Mãe, eu não quero mais sair sozinho. Não estou preparado para essa liberdade.”
Achei maduro o pensamento, a atitude e a ciência dele em saber não estar preparado para a liberdade. Para se ter liberdade é preciso ter responsabilidade. Ainda que uma liberdade limitada como concedi a minha filha. Para alguns lugares e determinados horários.
Hoje pensando no que meu filho disse, lembrei-me de uma amiga quando resolveu morar sozinha logo que se formou advogada. Quando estava prestes a sair da casa dos pais confessou-me o medo da liberdade que teria. Dali em diante toda responsabilidade seria só dela. Acho que como meu filho, ela ainda não estava preparada para a liberdade.
Outro amigo imaginou que o divórcio lhe daria de volta a liberdade que pensou ter perdido com o casamento. Foi tanta insegurança que adiou a conversa com a mulher e decidiu apostar mais uma vez na relação, pois no fundo, temia a liberdade. Intimamente sabia que sendo livre poderia cometer os mesmos erros dos amigos divorciados. Voltar para vida boêmia, para a night, voltar a beber e, consequentemente, aquela liberdade o aprisionaria a uma triste rotina de vícios e relações desregradas.
Depois de duas semanas de empolgação de ser livre, minha filha admitiu não gostar de sair sozinha. Volta e meia convida-me para ir junto. Nem sempre posso acompanhá-la, entretanto, incentivo para que saia, que não deixe de ir.
Agora, se eu a proibisse de sair sozinha, certamente que minha filha ficaria revoltada, agressiva. Como dei consentimento, por si só viu que essa tal liberdade fora de época não é tão boa quando se vendem por aí.
Coloca-se sal na carne para conservá-la. Fazem assim com a carne seca. Com meus filhos dá vontade de pôr uma pitada de sal em suas bocas para que preservem seus pensamentos. Conscientes, responsáveis, sabendo que liberdade sem juízo é prejudicial. Mas, como não são carnes, eu os salgo com minhas bênçãos, pedindo ao bom Deus que os conservem assim.
Diga-me, você sabe lidar com sua liberdade ou acha que ainda não está preparado para ela?rs