Um Passeio Inesquecível... Barra de São João - Cidade Natal do Poeta Casimiro de Abreu
Depois de algum tempo no engarrafamento do trânsito para a Região dos Lagos, o anseio de chegar logo se desfez, ao serem desligados os motores dos carros, bem em frente ao portão da casa do meu filho, em Barra de São João–RJ, onde em família, fomos passar as comemorações de final do ano de 2009.
Barra de São João, no Estado do Rio de Janeiro, é a cidade natal do grande poeta romântico Casimiro de Abreu. É uma cidade muito bonita, que possui características diversas, privilegiada, em cada trecho dos seus bairros, por atrações diversas, conservando o aspecto do interior e cidade praiana, que agrada a todos.
Nela passa o rio São João, rota das viagens de Darwin no ano de 1832, conforme placa da Prefeitura, instalada próximo à casa, com mapa de indicações alusivas ao fato. Rio ótimo para pescaria e velejar.
Há uma lagoa chamada Prainha, onde as águas do rio São João se encontram com as águas do mar. Idosos e crianças gostam de brincar na água e nadar. O mar, com uma bela praia e ondas altas e espumantes. Pássaros em quantidade fazem reboados baixos, com as asas brilhantes à luz do sol. Uma beleza quase indescritível. No horizonte vêem-se as ilhas, cheias de vegetação.
Apesar de já conhecer a cidade, meu coração disparou ao chegar, preparando-me para desfrutar daquelas belezas, vistas em abundância.
Rapidamente, toda a família que viajara por algumas horas, foi retirando cada um os seus pertences dos carros e entrando na modesta casa, um casario da Rua Bernardo Gomes, com casas iguais, situada na avenida à beira-rio. A avenida toda calçada com paralelos, dá um toque de cidade antiga.
Do outro lado da avenida de paralelos, quase da mesma largura da rua, um gramado muito verde, bem cuidado e arborizado, com espécies de coqueiros e árvores centenárias, enfileiradas, revestidas de bromélias floridas, cipós e outras parasitas. Os cipós verdes, de tão envelhecidos, parecem raízes que descem do alto nos galhos. O gramado vai até ao cinturão de concreto próximo ao rio, e em alguns pontos os cais (tablados de madeiras), onde os barcos de pescadores, atracados, balançam de lá pra cá, com o movimento dos ventos e das águas.
Uma brisa agradável percorre no local, e o cais é muito visitado por turistas e moradores.
Lá do outro lado do rio, a vegetação estende os seus galhos junto às águas, fazendo um cordão esverdeado. Fico desejando atravessar o rio...
À tardinha bando de pássaros passa voando rente às águas de volta aos ninhos.
Em toda a extensão da rua, a presença do verde é um convite para descansar sobre a grama. E é o que se vê, pessoas repousando embaixo das sombras à beira do rio São João.
Na parte mais alta da rua, tem um manguezal que se inicia no rio. De vez em quando a gente encontra um caranguejo passeando... Frutos das amendoeiras se espalham pelo chão.
No outro lado, as casas à beira mar, com muitos arbustos floridos debruçados nos muros, e depois outro gramado, a areia e o mar de belas ondas.
Esta é a cidade natal de Casimiro de Abreu. Apesar de simples é uma das mais belas da região dos Lagos, pois tem qualidade de vida.
Para aprender a admirá-la, basta conhecer um pouco da nossa literatura. Parece que o tempo parou ali. O cheiro das frutas que o poeta tanto falou em seus versos, parece continuar. O grande poeta Casimiro de Abreu nasceu e viveu até os 11 anos ali, quando depois foi estudar em Friburgo, a mando de seu pai.
Onde era o galpão comercial do seu pai, e ao redor e nos fundos era a sua casa, hoje é um museu em seu nome. No lado de fora do casarão, o cenário da casa em que vivera o poeta e sua família, o pai a mãe e mais duas irmãs, ladeada de romantismo, que parece ter feito mesmo o tempo parar... Ou somos nós que voltamos no tempo?
Sua maravilhosa poesia Meus Oito Anos, ali perpetuada em uma placa de metal, é um patrimônio histórico, que chama a atenção pela homenagem e a recordação de infância de cada cidadão ou visitante.
A rua parece ter o cheiro de manga e das frutas que o poeta gostava e descreveu em seus versos. O ar parece impregnado da atmosfera daquela época.
No jardim de sua casa, versos da poesia “Primaveras”, gravadas nos bancos, reportam-nos o quanto ele amou aquele lugar, a natureza, a estação das flores – A Primavera, em sua terra natal. Uma escultura do poeta sentado em um banco, em bronze, em tamanho natural, à beira do rio, feita por Christina Mota, o poeta em atitude de contemplação do rio, que ele tanto amou, ficou para sempre eternizado o momento do poeta...
Depois de descansarmos um pouco, fomos desfrutar o prazer das belezas ao nosso redor.
Saímos a caminhar, fotografando as paisagens, e não deixamos nada sem registrar.
Casimiro de Abreu viveu muito pouco. Apenas 21 anos de vida. Nasceu em 04 de janeiro de 1839 e faleceu em outubro de 1860, vitimado por tuberculose. Em suas poesias é marcante o desejo de viver. Ele só possue um livro, publicado em 1859: As Primaveras e outras literaturas publicadas em revista em Portugal. Começou a escrever com 12 anos, o seu primeiro poema: “As Ave-Maria”, mas, ficou conhecido em Portugal, França e outros lugares estrangeiros por onde passou, com apresentação de uma peça teatral e poesias escritas por ele. Falava em cartas e poesias que estava bem, na alma e no corpo. Em julho de 1857, chegou de Lisboa para o Brasil, com saudades de sua terra e se dedicou à literatura. Seu estado de saúde que não estava bom se agravou, e em 18 de outubro de 1860, faleceu. Seu corpo foi sepultado no Cemitério da Irmandade do Santíssimo Sacramento, em Barra de São João, sua cidade.
Mesmo não tendo tempo em vida de se preparar em conhecimentos da nossa língua, as poesias do poeta Casimiro de Abreu, são um legado de amor e do verdadeiro romantismo, que outros poetas clássicos não conseguiram o esperado reconhecimento na Literatura.
Difícil foi a hora de voltar para casa, de vir embora...Contemplar outras manhãs, mas, despidas do romantismo permanente daquele lugar, que parece viver no século passado, e cair na vida do Século 21, na cidade onde moro, onde também tivemos heróis e poetas, foram jovens brilhantes, românticos, outros que viveram vidas gloriosas, mas, que ficaram esquecidos nas páginas da história de nossa terra.
Iraí Verdan
Magé, 04 de janeiro de 2010.