No Cais de um Peito ( BVIW)
Nem toda partida tem retorno, mas sempre uma espera.
Foi assim que se fizeram os faróis, construídos da espera que não pode matar a esperança. Esperança luminosa no mar escuro de dúvidas, medos e incertezas nas ondas de cada dia, nas tempestades de tempo em tempo.
Assim segue o cais, a espera e a vida.
O cais a espera de ser porto para o navio da coragem, regido pela bússola da esperança da espera, leva e traz vida, traz e leva até o porto entre tempos.
Nesse azul obscuro de pensamentos ela sentada no cais da despedida escrevia ao amor o seu desejo, em suplica por um beijo, pelo cheiro no abraço do braço distante. Ela sorriu distante lembrando da despedida, no cais dessa vida em esperança espera. O mar, marinho seu amor marinheiro. A data da ultima carta era junho de 1942, ele seguiu em navio do Brasil sob comando americano para o mundo em guerra.
A náutica de um ser, só. A linha de um horizonte a vida que se dissolve em fim de pó. Um peito que parte e reparte, se fecha, se abre em ida e volta de da orla da mar.
Em despedida de uma certeza em boas vindas de uma incerteza, acompanhada do tempo é pensar. É tudo lembrança de um ter que não tem, de um amor que não vem. Mas tem o cais, tem o mar, tem o horizonte e tantos querer.
É o cais de cada ser, é o cais de toda despedida. Toda partida de um porto tem o cais de um coração.
O cais é o fim, mas também é começo, porque é despedida e reencontro.