NAVEGAR É IMPRECISO (BVIW)
 
 
 



Dona Esperança perdeu o marido ainda jovem e foi morar com a única filha. Seu genro, Agenor, nunca mais teve sossego e ganhou muitos fios de cabelos brancos no primeiro mês de convivência!


Voltar para casa depois do trabalho e enfrentar os monólogos da sogra era um martírio. Aquela mulher não acreditava em comunicação aberta! Perguntava e respondia as próprias questões. Lembrava uma atriz com necessidade compulsiva de platéia! E o tempo de seus discursos faria Fidel Castro ser coroado o "Rei dos Lacônicos"!


Naquele mês, a família completaria vinte e cinco anos debaixo do mesmo teto e Agenor teve uma idéia! Só havia uma forma de ter um pouco de paz! Uma surpresa! Presenteá-la com algo que ela sempre desejou!


O transatlântico era luxuoso e prometia uma longa travessia em alto mar. Agenor sonhava com os dias livres e repletos de privacidade para sua esposa e ele.


Finalmente, nasce a manhã com o sol da liberdade!


Agenor e Maria acompanham Dona Esperança até o porto. A cada passo o genro vibra ao imaginar a despedida no cais e o navio perder-se no horizonte! Entretanto, assim que avista o imponente transatlântico, Dona Esperança começa a berrar:


- Meu coração está apertado! Não vou entrar nesse navio, não! Desisti!


Ninguém conseguiu demover a senhora daquele ato irracional e, para completo desespero do genro, ao invés do adeus no cais, retornaram ao lar!


Algum tempo depois, Agenor ligou o rádio e atônito, afundou na poltrona ao ouvir a notícia do naufrágio do Titanic sem Dona Esperança a bordo.







(*) IMAGEM: Google


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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 26/01/2010
Reeditado em 18/07/2011
Código do texto: T2052317
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