Maria Clara estava eufórica! Terminou a oitava série passando “direto”, já estava em férias há duas semanas e, finalmente, chegava o dia do baile de formatura.
Seu vestido era “per” (perfeito), a sandália linda, nem alta demais - daquelas em que as garotas ficam se equilibrando e não tiram os pés do chão a cada passo, andando como zumbis em filmes de terror – nem baixa demais, o que dava mais charme (palavra da mãe) e fazia com que ela parecesse mais “sou mais eu” (expressão de Maria Clara, claro!).
Cabeleireiro marcado: cabelo, pés e mãos; maquiagem, como ficou decidido em conversa com a mãe, seria feita em casa. Só faltava agora entregar os convites.
Convites...ai, tia Marta e tio Orlando haviam confirmado a presença:
- “Claaaro que nós vamos” – disse a tia ao telefone, naquele seu tom agudo que machucaria o tímpano de um desprevenido. Maria Clara já havia alertado a mãe para esse risco, mas ela não pareceu levar a sério.
- “Imagina que vou perder a formatura dessa coisa liiinda da titiiiaaa” – frisou a tia causando um calafrio na garota.
- Mãe do céu – falou a menina jogando-se no sofá – a tia Marta e o tio Orlando vão ao baile!
- Maria Clara – disse a mãe, com uma expressão séria demais para o gosto da menina...mal sinal! – Você tem que parar com essa implicância com sua tia, ela adora você. Eu sei que às vezes ela exagera um pouco, mas você precisa ser mais tolerante e menos implicante.
- Implicante?! “Exagera um pouco”??!! – falou a garota com os olhos muito abertos e pronunciando as palavras com ênfase em cada sílaba.
- Sou implicante só porque ela aperta minhas bochechas e de quem mais estiver comigo, balançando nossa cabeça de um lado para o outro? Me chama de fofucha da titia, dando gritimhos quando me encontra na rua/shopping/festas ou qualquer outro lugar? Ah, manhê !!!! – metralhou a garota sem parar para respirar.
- Certo – disse a mãe sentando-se ao lado da menina que fungava no sofá.
- Vamos fazer o seguinte: eu falo com sua tia que por um equívoco os convites não vieram na quantidade solicitada e, com jeito, explico a ela que, apesar de estar tentando não tenho certeza de que consiga arrumar outros até a hora do baile. Fica bom assim para você?
Enquanto a mãe falava a irritação estampada no rosto da garota foi transformando-se em incredulidade. Ela continuou a examinar o rosto tranqüilo da mãe ficando mais espantada a cada minuto. Como a mãe permanecia em calmo silêncio a menina mandou:
- Mãe do céu, não acredito que você tenha coragem de fazer uma coisa dessas com a coitada da tia Marta. Como pode ter passado pela sua cabeça fazer uma coisa tão horrível?
Para surpresa de Maria Clara a mãe começou a rir; primeiro um sorrisinho meio disfarçado, depois uma risada que sacudia seu corpo até que explodiu numa gargalhada. A menina já não entendia mais nada, quando a mãe, enxugando as lágrimas que rolavam pelo seu rosto de tanto rir falou:
- Eu não, Maria Clara; É você quem tem que me responder se teria coragem para fazer isso.
A menina, espantada, abriu a boca, mas não emitiu nenhum som. A mãe continuou:
- Você estava à beira da histeria. Eu apenas apresentei a única solução para o “seu” problema. Então – prosseguiu a mãe – você quer fazer essa coisa tão...que expressão você usou mesmo filha?
- Ai, manhê...chega, entendi – falou a garota e olhando meio de lado para a mãe continuou:
- Bom, vai ter tanta gente no baile né... - agora, já com um sorrisinho no rosto continuou:
- Acho que não vai ser muito difícil eu fugir, me esconder e você vai me ajudar, é claro, né mãe? Você pode...hã...abafar a tia Marta?
Seu vestido era “per” (perfeito), a sandália linda, nem alta demais - daquelas em que as garotas ficam se equilibrando e não tiram os pés do chão a cada passo, andando como zumbis em filmes de terror – nem baixa demais, o que dava mais charme (palavra da mãe) e fazia com que ela parecesse mais “sou mais eu” (expressão de Maria Clara, claro!).
Cabeleireiro marcado: cabelo, pés e mãos; maquiagem, como ficou decidido em conversa com a mãe, seria feita em casa. Só faltava agora entregar os convites.
Convites...ai, tia Marta e tio Orlando haviam confirmado a presença:
- “Claaaro que nós vamos” – disse a tia ao telefone, naquele seu tom agudo que machucaria o tímpano de um desprevenido. Maria Clara já havia alertado a mãe para esse risco, mas ela não pareceu levar a sério.
- “Imagina que vou perder a formatura dessa coisa liiinda da titiiiaaa” – frisou a tia causando um calafrio na garota.
- Mãe do céu – falou a menina jogando-se no sofá – a tia Marta e o tio Orlando vão ao baile!
- Maria Clara – disse a mãe, com uma expressão séria demais para o gosto da menina...mal sinal! – Você tem que parar com essa implicância com sua tia, ela adora você. Eu sei que às vezes ela exagera um pouco, mas você precisa ser mais tolerante e menos implicante.
- Implicante?! “Exagera um pouco”??!! – falou a garota com os olhos muito abertos e pronunciando as palavras com ênfase em cada sílaba.
- Sou implicante só porque ela aperta minhas bochechas e de quem mais estiver comigo, balançando nossa cabeça de um lado para o outro? Me chama de fofucha da titia, dando gritimhos quando me encontra na rua/shopping/festas ou qualquer outro lugar? Ah, manhê !!!! – metralhou a garota sem parar para respirar.
- Certo – disse a mãe sentando-se ao lado da menina que fungava no sofá.
- Vamos fazer o seguinte: eu falo com sua tia que por um equívoco os convites não vieram na quantidade solicitada e, com jeito, explico a ela que, apesar de estar tentando não tenho certeza de que consiga arrumar outros até a hora do baile. Fica bom assim para você?
Enquanto a mãe falava a irritação estampada no rosto da garota foi transformando-se em incredulidade. Ela continuou a examinar o rosto tranqüilo da mãe ficando mais espantada a cada minuto. Como a mãe permanecia em calmo silêncio a menina mandou:
- Mãe do céu, não acredito que você tenha coragem de fazer uma coisa dessas com a coitada da tia Marta. Como pode ter passado pela sua cabeça fazer uma coisa tão horrível?
Para surpresa de Maria Clara a mãe começou a rir; primeiro um sorrisinho meio disfarçado, depois uma risada que sacudia seu corpo até que explodiu numa gargalhada. A menina já não entendia mais nada, quando a mãe, enxugando as lágrimas que rolavam pelo seu rosto de tanto rir falou:
- Eu não, Maria Clara; É você quem tem que me responder se teria coragem para fazer isso.
A menina, espantada, abriu a boca, mas não emitiu nenhum som. A mãe continuou:
- Você estava à beira da histeria. Eu apenas apresentei a única solução para o “seu” problema. Então – prosseguiu a mãe – você quer fazer essa coisa tão...que expressão você usou mesmo filha?
- Ai, manhê...chega, entendi – falou a garota e olhando meio de lado para a mãe continuou:
- Bom, vai ter tanta gente no baile né... - agora, já com um sorrisinho no rosto continuou:
- Acho que não vai ser muito difícil eu fugir, me esconder e você vai me ajudar, é claro, né mãe? Você pode...hã...abafar a tia Marta?