TROCA DE NOME
Em meu nascimento aconteceu um fato curioso entre a minha avó paterna, Dona Etelvina, e a minha mãe Dona Maria José, com relação ao meu nome que foi mudado de Fernando para Antonio. Pois, minha avó, de saudosa memória, tinha combinado com minha mãe que quando chegasse a hora de eu nascer, mandasse avisá-la, pois gostaria de assistir ao nascimento de seu novo neto que segundo a preferência de minha mãe, deveria chamar-se Fernando e não Antonio como haveria de ser.
Entretanto minha mãe, mulher de forte personalidade, não querendo, talvez por pudor, a presença constrangedora de sua sogra na hora do parto, não mandou avisá-la que a parteira da região, Dona Josina, já estava a postos, pronta para trazer ao mundo aquele que seria o seu quinto filho. Porém o parto se complicou, as horas se passavam e eu não dava o ar de minha graça. Minha mãe angustiada gemia, em meio às dores e as lágrimas. Então meu pai saiu nervoso e foi chamar minha avó para que, com toda a sua experiência, viesse ajudar no nascimento de seu neto.
Minha mãe exausta, já não se importara mais com a chegada de sua sogra, pois não sabia mais o que fazer para dá a luz a aquele menino cujo nome deveria ser Fernando. Eu imagino que não estava gostando nadinha de ser chamado de Fernando, nada contra o nome Fernando, mas porque eu queria ser chamado mesmo era de Antonio. Por isso eu estava dando aquele trabalhão para nascer, e certamente argumentava em meio às águas turbulentas da placenta: com este nome eu não nasço!
Foi quando minha avó entrou no quarto e do alto de suas superstições, ela disse:
“Menino que demora a nascer
só uma esperança lhe resta
por o nome dele Antonio
que ele nasce de pressa!”.
O verso foi engraçado, mas eficiente. Minha mãe, sufocada pelas dores, não contou história e replicou:
“Se é pro menino nascer
e esse sofrimento acabar
então a partir de agora
Antonio vai se chamar”.
Não demorou muito e eu nasci chorando desesperadamente, pois minha recepção não foi como eu esperava; que negócio é esse de apanhar no primeiro minuto de vida?... Meu pai sorria aliviado pela chegada de mais um menino macho que, segundo os seus cálculos, serviria futuramente de mão de obra gratuita para ajudá-lo no roçado.
Minha avó, com a sensação de quem tinha realizado um grande beneficio para humanidade, também sorria. A parteira, após cortar e dá um nó no meu umbigo, colocou-me ao lado de minha mãe. Então me acalmei ao calor dos seus braços. Quando fui direcionado a um peito enorme onde fiz a minha primeira refeição fora do ventre. Finalmente satisfeito olhei sorrindo para a minha avó que se aproximara para ver com quem eu me parecia, e antes que ela me balbuciasse alguma coisa eu gostaria de dizê-la: valeu vovó! Obrigado pela sugestão, pois eu gostei mesmo foi de ser chamado de Antonio.