Marcas da Vida.
Ele nunca se viu tão sem família quanto agora, pois pior do que a morte dos familiares é quando todos estão vivos, mas entre eles há uma distância sentimental que silencia palavras e afeto, e só permite que ultrapasse vazio e decepções.
Em uma noite dessas qualquer ele confessou para si mesmo o quanto chegou a sentir ódio de seus pais. E por vários motivos. Ódio pela apatia e fraqueza do seu pai, que trocou a relação pai/filho por uma bem íntima com a bebida, a ponto de se tornar uma patologia que o faz esquecer o quanto deve ser gratificante ser pai e dar assistência física, psicológica e sentimental, e além de tudo, força e incentivo no seu desenvolvimento. Mas seu pai deve não lembrar disso, já que quase nunca está sóbrio. Ódio de sua mãe que parece não sentir prazer na vida e por não saber lidar com a própria frustração, desconta em todo mundo suas decepções pessoais, pois parece que ela se sente incomodada quando os filhos estão perto, ódio porque dela só vem criticas e nunca uma palavra de conforto e elogio.
Ele não lembra quando foi a última vez que ouviu um “você vai conseguir” ou um “tente mais uma vez”, já que as frases que ele sempre ouviu foram de arrependimento por ele - e suas irmãs – terem nascido ou então um desejo de ter morrido quando estava pra dar a luz.
Com certeza essas são marcas profundas que eles vão levar para o resto da vida, independente do que façam. Mas embora as marcas dessa relação familiar estejam dentro dele, ali bem silenciosas, ele decidiu acreditar no seu potencial, decidiu dar forças para suas irmãs conversando e ajudando no que pode, já que diferente de seus pais, ele preferiu viver a ficar lamentando da vida, decidiu lutar para realizar suas metas, ser o humano que sempre quis, pois embora as marcas do que é dito por sua mãe e toda a fraqueza do seu pai estejam La dentro, ele prefere ser um grande homem e aprendeu a lidar com essas marcas. Pois grande é o homem que tem marcas na vida e sobrevive a elas.
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