o quadro e o salão

Sou um homem doente. Não fisicamente nem psicologicamente, me considero enfermo porque sempre possui o dobro de minha idade.

Mas, olhando para trás, me vejo sem vida por muito tempo. Vivo sonhando, mas não com o futuro, e sim com o passado que já começa a se apagar de tão distante que está se tornando.Sabes quando te sentes um viúvo pai de mil mulheres que foram as mulheres de tua vida? pois bem, esse sou eu. Semrpe chegando cedo aos bares e atrasado no amor.

Já não tenho as esperanças que tinha na parte que foi a parcela mais feliz de minha vida: aquela onde sonhamos e sonhamos, onda há tanto sonho que não há espaço nem para a morte nem para Deus.Hoja já não tenho mais esses sonhos, nem lugar para Deus e a morte é uma estranha que sei que virá um dia ( prefiro pensar que ela me trará algo de novo, pensar na solidão de um fantasma me aflige e me deixa flutuando num ar escuro e sem velas)

MAs já amei e até posso dizer que ainda amo, agora apenas de uma forma diferente...Amo o que fui ( não venha dizer que o presente é agora, o passado já passou e o futuro ninguém se sabe. Seria clichê de sua parte). Te falo sobre uma escolha que fui obrigado a tomar e isso me faz não ser alguém triste. Não sou alguém triste porque sei meu lugar, a vida me mostrou que triste é a borboleta que quer ser uma águia.

Não sou borboleta, não sou águia, não sou dragão nem uma rosa, me sinto como um quadro de um homem pendurado num salão de festas e que vê tudo, entende tudo mas com um leve desprezo por saber que a festa acaba, a luz se apaga e o que sobra é a luz da lua que entra languidamente pelos vitrais da porta.

...E quando todo mundo vai embora, que a alegria se cala, é a hora de tentar sonhar outra vez...

Balthazar Sete sóis
Enviado por Balthazar Sete sóis em 25/01/2010
Reeditado em 27/01/2010
Código do texto: T2050494