ANGÚSTIA


 
 
            Ontem ao deitar me surpreendi em não conseguir dormir, ficando a pensar em nada. Ou seja, em nada pensava, mas alerta, como programada para pensar. E se tinha uma coisa que eu não queria era exatamente pensar. Não pensar. Dormir só.
            Costumo rezar todas as noites antes de dormir, falar com Deus e meus Anjos da Guarda; toda noite invento isso. E a aflição começou a tomar conta, como vou dormir se estou alerta e nada tenho a fazer aqui deitada. Luz apagada. Silêncio. Percebi então que sentia certa angústia, um sentimento do intolerável, do inadmissível. 
            Um desconhecimento de tudo ou qualquer coisa. Aí comecei a matutar de como estou sentindo angústia se nem sei direito o que é angústia? E não consegui definir a angustia ou o que estava sentindo.

            Há palavras que vamos incorporando no nosso vocabulário e nem sabemos direito o que significa, às vezes.
            Bolas, porque será a que a gente sente essas coisas? Levantei e fui pra televisão. Escolha errada, que a TV contém muita coisa sem conteúdo ou divertimento. Ela se esmera em anúncios, um absurdo.
            Voltei pra cama, mesmo sabendo sendo ela indesejável naquele momento. Nem rezar estava conseguindo. 
              Resolvi acender a luz e escrever a oração que costumo fazer: resolvi rezar por escrito, pois não conseguia energia de me concentrar e só orar. E deu certo. Escrevi o que costumo orar.  E veio o sono.

               O que sentia era o oposto da alegria, ou algo que nem se sabe definir. É uma insatisfação. A angústia é como uma coisa que oprime. E não se saber o que é.
Talvez o pior seja isso. Não se sabe o que se sente; e isso é o pior: É NÃO SABER 

               Hoje olho aqui no meu dicionário:
Angústia – Brevidade, escassez, redução de espaço ou de tempo, carência, falta. – Estado de ansiedade, inquietude; sofrimento.
            Agora sabido, faz sentido. 

            E escrever a palavra é um santo remédio para todas as coisas.