PROCURANDO O ESPIRITO DO MUNDO
“Quem se aproxima dos umbrais da Arte
Poética, sem o delírio que é provocado
Pelas Musas, julgando que apenas pelo
Intelecto será bom poeta, se-lo-á
Imperfeito, pois que a obra poética
Inteligente empalidece perante aquela
Nascida do delírio.
(Socrates, reproduzido no Fedro, de
Platão)
Neste momento me encontro só e o que faço é observar a natureza procurando nela o “espirito do mundo”, como acreditava que assim fosse o romântico filósofo Shelling.
Não nasci no tempo certo, sou adepta do romantismo, gosto de Novalis, um dos gênios deste movimento, que teve início na Alemanha, espalhando-se em seguida por toda a Europa no final do século XVIII. Disse Novalis que “Mundo se transforma em sonho e o sonho em mundo”.
Sonhando cá estou, mergulhando em mim mesma e, como se um deus fosse, tenho o poder de criar. Sou artista e como todo artista possuo uma imaginação criadora do mundo. E por me sentir livre dito as minhas próprias regras, desconhecendo fronteiras entre o sonho e a realidade.
“Você pode tudo”, foi o que me disseram. É, pode ser...Eu até já roubei uma flor de Deus, mas fui alertada de que roubar é “pecado”. Desconheço o pecado. Mas sonho com esta flor, que não é azul, como a que procurava o jovem Heinrich, personagem de Novalis no seu romance inacabado.
Assim, perseguindo a flor irei dormir, sonhar... esperando que nesse sonho alcance o Paraíso e lá quem sabe eu não consiga (sem roubar) uma flor bela e estranha. E se ao acordar eu tiver a flor entre as mãos eu direi: toma, é sua.
PS: este último parágrafo foi baseado no pensamento do poeta inglês Coleridge, que por sua vez estribou-se em Novalis para dizer: : “E se você dormisse? E sonhasse? E se, em seu sonho, você fosse ao Paraíso e lá colhesse uma flor bela e estranha? E se, ao despertar, você tivesse a flor entre as mãos? Ah, e então?”