aquela praia, aquele vento e ela
Após um quase um ano sem escrever, confesso que desisto de tentar alinhar como numa tropa os fantasmas que carrego. Jogarei, como tantas vezes, ao mar.
Já não tenho a prática de antes com as letras que agarram os sentimentos e mostram de uma forma simples e quase ordenada o que sinto. Desculpe-me a desordem.
Conitinúo no mar, sozinho e meu barco do mesmo jeito: nem se rompendo pelas ondas, nem mais novo ou com algum enfeite na proa...o mesmo.
Cheguei , de fato onde o tempo não mais passa, onde as noites já não te trazem lembranças nem muito menos esperanças..." venha para o meu barco" dizia uma canção que foi o hino de mim. agora assumo que não venha para o meu barco...ele me parece menor de tanto guardar caixas com fotos e rosas e bilhetes e saudades.
percorri mares gelados e tempestades que nunca havia passado mas que, de alguma forma, pressentia...(a solidão te faz ver o futuro como nunca!) Mas não me chamem de " sem coração"...
Tento me lembrar de uma musica onde um violino tocava frio e isso me faz lembrar dela...Florzinha perdida e frágil ( como eu queria cuidar dela!)
em uma ilha que não lembro o nome (lembro apenas que fazia frio à noite) ela estava lá e como era linda aos meus olhos e como estava golpeada pelo vento, quase morrendo.
(mais uma vez me desculpem, já não sei escrever de tanto tempo que passei pensando)
mas eu me lembro dela e de seu cheiro doce, de seus olhinhos se fechando com medo do vento forte e como prestava atenção enquanto eu falava de religiões, de amor e de solidão ,enquanto eu escondia as palavras que talvez e fizesse minha.
Ela talvez não pensa jamais que nesse dia fui dormir pensando nela e mal sabe ela que eu a tinha numa casinha que eu construiria arrancando as madeiras do meu propio barco ( desistiria do mar por ela...até o fim de um dos dois sonhadores)
Mas o destino me mostra que minha vida sempre foi o mar ( ou entenda-se como maldição)
Não sei onde ela está agora e faz frio não só a noite...e se me perguntam por que não fiquei, por que não desisti do mar e de meu barco, lhes respondo que não havia possibilidades...havia sonhos, mas não formas, mas me sinto bem ao pensar nela...acho que a ajudei da forma em que podia: regando-a com abraços e lhe falando dos ventos que me trouxeram e que, se conheço bem os ventos, me levarão antes d' um amanhecer.
O fato é que a deixei linda, amada e sonhadora, para alguém que a levou de mim enquanto eu pensava em destruir minha nau...