Chuvinha fina...

A chuva fina que caía era como
se estivesse
lavando a minha própria alma,
e foi então que
senti essa mesma solidão que
você disse que
sentira ainda ontem...dentro da
tua casa.

O sol apenas havia esculpido com
seus raios
alguma luminosidade prateada
que me fazia
lembrar esse tom argênteo que
percorria
a praça de Saint Michel em Paris
num dia em
que teus olhos se cruzaram com
os meus e
fizeram meu corpo estremecer...
de prazer.

Os ventos, no entanto, tinham levado
de mim
quase todas as lembranças
dessa cidade
luz...e agora apenas subtraio de
dentro de mim
aquela surda lembrança de teu corpo
de marfim.
Ah...
espadas do tempo que em sua
inflexibilidade
adotam como bainha a nossa própria
existência tão efêmera.

Sim...eu ouvi tocar o telefone...hum...
ninguém atendeu,
e só consegui ouvir um estalido de um
desligar apressado.
Hum...claro que se tratou de um engano.
Alguém que apertou
sem querer um dois pelo três.
Então de novo meus pensamentos
voaram do dia de ontem para
este hoje chuvisquento
e mais frio,
em que nada acontece que possa
representar alguma novidade,
pois em dias de chuva é como se a
alma se recolhesse
a pensamentos anímicos apenas.

Olho a foto de uma amiga a quem amo,
e viajo
como um gondoleiro nos escaninhos
de seus belos sorrisos.
Mas hoje eu quero mais que lembranças.
Pego meu guarda-chuva...e saio
sem destino
pelas ruas molhadas...sem saber o
que buscar,
porque hoje não quero buscar nada,
mas apenas passear na chuva.
Passo por uma
casa com algumas árvores floridas,
e lá está o mesmo
bando de passarinhos amarelos que
freqüenta o meu jardim.
E isso me causa admiração.
O mais velhinho do bando se aproxima
de mim...ele me reconhece,
e saltita alegremente como se dissesse :
olá como vai? E então eu assobio para ele,
esse mesmo assobio que ele ouve já
há mais de 10 anos,
e que ele conhece assim como eu
reconheço o canto dele.
Ele saltita mais um pouco e logo se junta
ao seu bando que alegremente faz
seu concerto de trinos...

Bem...eu não esperava encontrar
esse pequeno pássaro,
e então pensei: se não tivesse decidido
passear exatamente
naquela hora...nunca teria sabido que eles
também amavam,
outras árvores e não só as do meu jardim,
e concluí que como eles
eu também
amo flores de muitos jardins.

Um carro de repente buzinou.
Era meu amigo
passando por ali e me vendo parado,
logo
foi oferecendo uma carona, porque
ia na direção de casa.
Entrei no carro, pois isso também fazia
parte do passeio,
e minutos depois eu descia agradecendo
a ele a gentileza da carona.

A chuvinha fina continuava...
e molhou meu rosto.
Agora eu estava feliz...mais do que antes.
Entrei em casa...
e é bom chegar em casa.
Tomei um belo café com pão que eu
mesmo fiz
e um belo requeijão mineiro...hum...

Depois liguei o computador e pensei :
nossa !!!
Tenho de fazer a poesia do dia !!!
O que vou escrever se nem sei por onde
começar ?
Então comecei....a contar...a contar...essa
minha saída num dia chuvoso, e estou
aqui contando... contando...

Como sempre ...contando...contando...
e você me lendo...lendo... rsrs.

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Autor: Cássio Seagull
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Narrativa que fiz em 23-01-10 às 18 h em SP
Lua crescente (1°dia) – chuvoso – 27 graus
Beijos e abraços para você...Bom domingo... :):)
cseagull2@hotmail.com
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