BRANCO, PRETO E COCOTA (?)
Branco tinha esse nome porque era branco. Totalmente. Filho de mãe cinza e branca, pai ignorado. De sua árvore genealógica nada sabia, pois sua mãe, a Ronron, apareceu lá em casa e foi adotada ainda pequenina. E se chamou Ronron porque pensei ser um gato. Branco foi o único gatinho que sobreviveu da primeira ninhada da Ronron. Foi acarinhado de tal forma, que se sentia o dono da casa.
Nessa época, havia um cachorrinho vira-latas, o Preto, e mais uma caturrita, a Cocota. A hierarquia, entre eles, foi-se estabelecendo de tal forma, que ficou avessa à natureza. A Cocota mandava no Branco, que mandava no Preto. Ou seja, o cachorro respeitava o gato e este respeitava a caturrita. Era cômico de ver o gato fugindo do pássaro e o cão esperando o gato terminar o "almoço" para comer as sobras.
Enfim, entre tapas e beijos, bicadas e au-aus, o respeito entre eles se fez e conseguiram viver harmonicamente por muitos anos.
O Branco era um gato muito boêmio, gostava de namorar. As vezes "sumia" duas noites e voltava um caco, cheio de pulgas. Eu fazia a higiene nele, ou seja, tirava as pulgas, já que gato não gosta de banho e aí ele dormia o dia todo. Certa ocasião adquiriu uma doença de pele. Tínhamos que passar um líquido e depois banhá-lo. Haja paciência! O gato miava como se estivéssemos querendo matá-lo. Depois de curado, não passava nem perto do local dos banhos!
A caturrita viveu 15 anos! O Branco não recordo. O Preto morreu numa "disputa" entre cachorros. Estava embranquecendo já, mas continuava se achando o dono das "cachorras". Era tão "macho" que, certa ocasião, conseguiu furar o bloqueio no pátio de uma vizinha, que preservava sua cadelinha, com unhas e dentes, de uma gravidez. Quando nasceram os cachorrinhos não precisou nem exame de DNA. Eram todos a cara, o pelo e a cor do Preto.
Enfim, são lembranças boas que me ficaram na memória, um tempo feliz e despreocupado da minha juventude.