DEPRESSÃO

Amiga minha escreve no seu blog sobre tristeza, desencanto e desilusão com a vida. Encontra-se sem ânimo, cansada. Para ela, existe um vazio no seu coração que precisa ser preenchido. Pensa em viajar para outros países, talvez para o continente africano, numa dessas missões humanitárias, para ajudar pessoas, sentir-se útil, com sua mala cheia de amor, carinho, atenção e fé em seu Deus. Só assim, acha que poderá reencontrar a alegria de viver.

Peço vênia para arrumar essas coisas segundo um enfoque diferente, a partir das minhas próprias ânsias diante do engarrafamento psicológico que o mundo moderno criou para nós. Nossa amiga está atravessando uma crise existencial, à beira de uma depressão. Todos se sentem “pra baixo” de vez em quando. Precisa saber se esse é um evento psiquiátrico ou uma daquelas fases ruins pelas quais todos nós passamos. Aconselho um acompanhamento profissional.

O nosso interior é insondável. Mesmo a pessoa mais íntima não consegue vislumbrar o que se passa na mente do parceiro. Minha amiga, felizmente, tem tudo para superar sua angústia, porque o mais profundo dos medos no ser humano é o de não arranjar nada ou perder o que tem. E ela tem um particular indivisível, um forte caráter, perseverança, personalidade e absoluto desinteresse por bens materiais. Creio que essa sua apatia seja apenas um desequilíbrio bioquímico dos neurônios responsáveis pelo controle do estado de humor. Vai passar, ficando apenas a poeira das crenças mais remotas e a esperança de que sua missão está apenas começando.

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 23/01/2010
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