Texto para o dia da última crise existencial.

Alexandre Menezes

Estava ali. Mais uma noite para confirmar que aquela conclusão, a ele mencionada, não estava errada. Realmente, parecia de tudo saber um pouco e pena que tudo aquilo não era útil para nada. Perdido, buscava resposta entre páginas de livros ou entre canções que pareciam só ele saber cantar.

Conhecia partes de histórias e teorias variadas. Muitas por ele lidas. Tantas outras por ele inventadas. Fazer algo errado talvez fosse seu maior receio. Na vida e nos livros era comum se envolver em outras histórias sempre que uma ficasse intensa. Por medo de prosseguir, abandava no meio.

Vivera casos de amor, mas lhe atormentava a idéia de, em alguns deles, tornar-se o marido. Saíra da casa dos pais por temer para sempre da mamãe ser o filho. Recebia vários conselhos bons e para poucos dava ouvidos. Por não saber escutar, fizera poucos amigos. Sabia que precisava mudar, mas nunca estivera tão decidido.

Naquela noite, perante o espelho, surgira em seus olhos um novo brilho. Pedira ao céu para livrá-lo de tantas coisas que o roubara a coragem e o deixara aflito. Resolvido, saíra aos gritos afirmando que, dali pra frente, seria útil e se tornaria alguém. Implorava ao seu anjo da guarda para que, àquela conclusão maldita, não dissesse amém. Enfim renasceu em vida, em teorias, em livros.

Alexandre Menezes
Enviado por Alexandre Menezes em 23/01/2010
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