Vestibular

Há anos passados, no vestibular da Faculdade de Direito de Niterói, aconteceu fato digno de nota.

Na primeira prova, português, a nota mínima era cinco. Não passasse, não fazia as outras provas.

Na correção, os professores usavam muito auxiliares competentes. Difícil o trabalho para um só. O caso é que um vestibulando foi eliminado. Quem corrigiu havia lido no Jornal do Brasil, na época o mais respeitado do país, um texto que chamou a atenção, que tinha, no seu entender, sido plagiado pelo estudante.

Foi o que bastou para mudarem os conceitos de correção de provas. Este aluno era estagiário do Jornal do Brasil, e o texto era dele.

Juntou a prova no pedido de revisão, difícil de ser concedido. O vestibulando havia feito a crônica para o JB. E agora?

Agora que os examinadores colocaram a pulga atrás da orelha. Quem era aquele cidadão? Um jovem estagiário, somente, ou um já experimentado profissional?

A solução que deram? Foi simples. Nas provas orais, nenhum examinador deu nota menor do que oito. Passou fácil.

Não foi um advogado brilhante, mas como aluno, defendeu no Tribunal do Júri casos ditos perdidos.

Absolveu todos os réus. Parou quando a marginalidade tomou conta dos processos.

Hoje escreve crônicas, como há muitos anos atrás.