Vamos a La Playa !?
Ir à praia virou uma verdadeira odisséia. Ao menos para mim, é quase como preparar-se para uma festa. Exige todo um enxoval: é filtro solar, cadeiras, água(que sempre fica quente), chapéu, toalhas, chinelos, jornal e revista, algo para comer, etc. E isso já me deixa sem vontade de sair de casa. Prefiro muito mais ficar debaixo de um ar condicionado do que torrar naquelas areias escaldantes, onde o prêmio são um ou dois: queimaduras de sol e desidratação pelo intenso suor em vão.Ah, lembrei de outro: areia colada nos ouvidos.
Já foi o tempo que praia era sinônimo de descanso. Gosto sim, de dar uma chegada, no outono ou inverno, e ver o mar. Acho inspirador. Tranqulizante. Hoje, no verão, todos cometem "barbaridades" para conseguir o seu afamado lugar ao sol: é carro com música alta, gente sambando miudinho em volta do carro e farofa no canto da boca, é fumaça de churrasco, gente de "porre" que se habilita a dar um mergulho e sai carregada, é vendedor ambulante de bugigangas, gente pedindo dinheiro, e por aí vai.
Você vê corpos bonitos. Mas o pacote completo (rosto+corpo) é meio improvável. E fico pensando: o que seria daquela garota de corpo escultural vestida com roupas pesadas no inverno? Como disse a personagem de uma telenovela, uma prostituta no caso: "Eu não sou ninguém coberta por uma gabardine!"
Tal qual já escrevi em meu Livro, considero a praia um dos lugares mais democráticos para se estar. Nela, não existem restrições(se existem são poucas), para a "variedade" de pessoas. E animais. Você depara-se com todos os tipos. Mas esses dias, tentei ir para ficar lendo um livro. Fui pego de surpresa por um galopante vento que me deixou num efeito à milanesa. Sem falar que eu mesmo já havia perdido a concentração. É tanta coisa para se ficar atento, que não se pode vacilar.E eu já estava "melecando" todo o livro. O filtro solar já tinha "caído", estava na ponta dos dedos.
Não entendo esse passa-passa também. Gente que vai pra lá e pra cá....Passam duas, passam três vezes por você. Parece que quando chega o fim de semana, há um decreto escrito que "todos devem comparecer a tal de praia". Resultado: um trânsito infernal e estradas congestionadas. Ônibus lotados. Por um lado, é até bom(?): enquanto estão todos entertidos brincando de castelinho ou enterrando-se na areia, eu consigo ficar mais livre e colocar as coisas em ordem. Enfrento menos filas nos locais que freqüento!...Já fui bem praieiro, não posso negar... Já passei até urucum na pele para parecer índio. E levei gritos da minha dermatologista. Hoje, isso não combina comigo. Sou branquinho e me sinto bem assim. Vejo charme nisso.
Há quem não veja: tentando começar uma relação, a pessoa me diz: "Sabe, uma marquinha de sunga ia ficar tão bem em ti!"...Notei de cara que essa pessoa não era nem um pouco a metade da minha"cara-metade".E quando me lançou a pergunta: "Vamos à praia hoje?"Eu respondi na mesma hora: pode ir sozinha. Levantei-me e fui para casa.Que venha a próxima da fila!