Risquei do meu pensamento

Houve um tempo, lá pra trás, em que a revista Cláudia vinha com um suplemento de culinária que eu gostava de ler. De ler, não de fazer. Ia olhando as receitas, às vezes com água na boca, mas assim que aparecia a indicação ‘reserve’, eu pulava e passava para outra. ‘Reserve’, pra mim, era a senha: coisa complicada. O que eu procurava era algo bem fácil, mas não encontrava. Assim mesmo ficava pensando um dia, quem sabe... recortava folhas e punha numa pasta. Cheguei a fazer uma vasta coleção, que guardei por muito tempo.

Quando tinha ímpetos de aprender a cozinhar, ia lá olhar. Talvez tenha experimentado uma ou duas receitinhas mais leves... O que tenho certeza é que de tanto ler, aprendi ‘teoricamente’ algumas coisas. Que mais tarde me foram de grande utilidade, nos momentos em que não pude fugir do fogão.

Em compensação, outras foram riscadas até do meu pensamento, como ‘refogue a cebola e o alho em duas colheradas bem cheias de manteiga’...

Hoje em dia, quase um pecado mortal!