FUTEBOL SANGRENTO

FUTEBOL SANGRENTO

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Que o futebol é a paixão nacional, tudo bem. Que o esporte bretão é a alegria de todo brasileiro em todos os cantos dessa bela terra, é verdade. E no interior paranaense também havia os apaixonados pelo esporte. No entanto a história que aqui narramos não tem nada de alegre.

No ano de 1960, havia em Joaquim Távora, Paraná, uma pequena equipe de futebol. Era o Tavorense. Futebol amador. Jovens unidos que adoravam jogar futebol pelas fazendas da redondeza. E tinha até torcedores fanáticos. Certo dia, essa equipe estava se preparando para mais um amistoso na cidade de Ribeirão Claro. Cidade vizinha há 60 quilômetros dali. Era uma quinta-feira, um feriado, exatamente no dia 26 de maio de 1960. Todo o comércio estava fechado. Sebastião Xavier, que possuía um pequeno caminhão de fretes, encostou na praça, logo depois do almoço. Imediatamente o caminhão ficou apinhado de tavorenses. Afinal de contas, quem não queria dar um passeio e ainda torcer pela sua equipe. Crianças, rapazes e até alguns senhores de idade subiram na carroceria do velho Ford juntando-se aos atletas. O caminhão ainda deu uma volta na cidade e se dirigiu para a Avenida Paraná. Ali deu uma última parada. Foi quando apareceram alguns pais e tiraram seus filhos de cima do caminhão, alegando que seria muito perigoso. Era um dia santo muito forte e eles temiam por um Divino castigo. No meio daquela gente alguns rapazes já levavam uma garrafa de aguardente. O motorista também gostava de dar uma bicada nas garrafas. E lá se foram cantando, pulando e gritando o nome do time.

Na mesma quinta-feira, um lúgubre vento frio açoitava a cidade de Joaquim Távora. Eram quase vinte horas quando chegou ao conhecimento da população a pesarosa notícia que o caminhão, depois do jogo, voltando, quando tentava atravessar uma ponte, fora atirado contra a margem oposta do rio, chegando até a virar com as rodas para cima, com toda aquela gente. Disseram que o quadro era dantesco. A escuridão, os gemidos, os gritos, o choro, tudo misturado ao forte cheiro de gasolina formavam um horrível quadro. Alguns pediam que não se acendessem fósforos, poderia pegar fogo naquilo tudo. Quase todos se machucaram. Um rapaz quebrou a bacia, outro a perna, enfim foi terrível. Mas o pior aconteceu. O goleiro de 16 anos, Roberto e outro jogador de 15 anos, Miro. Morreram na hora. Esse acidente causou muita tristeza no povo tavorense. Naquele tempo era possível carregar pessoas nas carrocerias. E toda a alegria de um futebol no feriado, foi trocada pela tristeza. Não havia um só rosto alegre por muito tempo naquela pequena cidade. Os jovens eram muito queridos. Suas famílias ficaram inconformadas pela triste perda.

Copyright by Theo Padilha – Joaquim Távora, 21 de janeiro de 2010.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 22/01/2010
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