Ser companheiro

Outro dia, lendo um texto de uma escritora, me deparei com uma afirmativa dela de que quando se separou do marido, passou a curtir a sua liberdade, podendo até ficar de calcinha e sutiã no sofá de sua sala sem ser incomodada. Tomei um grande susto, pois jamais imaginei que uma mulher se sentisse incomodada com a presença do seu companheiro.

Como sou de falar aquilo que sinto, com as pessoas nas quais eu confio, peguei duas amigas queridas e perguntei para elas se elas sentiam a mesma coisa, ou seja, se elas se sentem tolhidas em sua liberdade pela presença masculina e as duas afirmaram que sim, pois o homem quando vê uma mulher à vontade já pensa em sexo. Ainda estou refletindo.

Jamais desejei tirar a liberdade de quem quer que seja, muito pelo contrário, gosto de deixar as pessoas bem à vontade. Fiquei triste por ser motivo de tolhimento e cerceamento da liberdade da mulher que é minha companheira, pois para mim, ser companheiro é um estado de consciência, uma troca vivencial que suplanta todos os sentimentos e é amor.

Precisamos conversar mais sobre estes assuntos. O ser humano só vai ser feliz no dia em que poder falar sobre os seus sentimentos abertamente, sem vergonha ou pudor. Afinal somos todos iguais, e ser homem ou mulher é apenas um estado vivencial momentâneo, que pode ser mudado de uma vida para outra, de acordo com a nossa própria necessidade.