O CARACOL E EU!
Há muitas cenas que acontecem na natureza de um modo geral que deixam qualquer um embasbacado. Talvez até para provar ao ser humano que,algumas vezes, julgando-se conhecedor de inúmeras coisas, pensa erroneamente que já viu de tudo. Quando na realidade não é bem assim. Há, por exemplo, alguns detalhes no mundo vegetal e animal que passam despercebidos do ser racional,mas quando observados e até analisados deixam até o mais experiente e conhecedor de vários projetos ao mais humilde com uma grande dúvida e interrogação na sua mente. Pois, afinal, há muitos mistérios nesse campo que, como o próprio nome já define, ninguém conseguirá decififrar. Vamos a um pequeno fato que presenciei que o denominei de O CARACOL E EU.
Ao me dirigir à lixeira do prédio onde moro, deparei-me com uma cena tão insólita que resolvi gastar alguns minutos do meu precioso tempo ali parado só observando. Sim, percebi na parede daquele recipiente fétido,mas necessário, um pequeno caracol que começava a sair do seu invólucro. O seu esforço parecia grande. Mas ele não desistia. Parava um pouco e depois recomeça a luta pela sobrevivência. À princípio, deu-me uma vontade muito grande de “ajudá-lo”, não resta dúvida, mas resolvi me conter de deixá-lo resolver sozinho o seu problema. Nesse exato momento de abstração e curiosidade a minha justa omissão foi motivada por me lembrar de um fato idêntico a esse ao que eu presenciava, ocorrido com um personagem de uma fábula, o qual, inadvertidamente, ou talvez pensando que estivesse fazaendo uma boa ação, ao ver uma pequena lagarta tentando sair do seu casulo, resolveu ajudá-la. Com pouco esforço, logo conseguiu. Só que o coitado não sabia que, agindo daquela forma, aquela minúscula larva ficaria atrofiada para sempre e jamais conseguiria se transformar, através da sua lenta, mas precisa metamorfose, numa linda borboleta...
Por esse motivo fiquei só mesmo observando aquele esforço do pequeno CARACOL saindo da sua “casinha”, mesmo tendo que carregá-la nas suas costas pelo resto dos seus dias...Mas, pelo menos ele levava uma grande vantagem: não precisaria rastejar muito para voltar para o seu esconderijo e descansar, dormir, quem sabe! Afinal, até no reino animal, cada um tem a sua própria sina. E é sempre bom e justo tentar segui-la, a não ser quando algum intruso atravessa o seu caminho e, por maldade ou tentando “ajudar”, mude toda a sua trajetória à sua revelia. E o mesmo acontece muito ao ser humano, diga-se de passagem. E quando isso ocorre, amiúde, o final nem sempre é muito feliz!...
João Bosco de Andrade Araújo
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