VINHO; UM ENÍGMA?

VINHO; UM ENÍGMA?

O vinho, recentemente no Brasil, ganhou “status” aristocrático e cabeças coroadas devem conhecer o líquido de Dionísio e Baco, que embalava festas gregas e romanas, respectivamente.

Somente excluídos desconhecem a porta que se abre para “ papilas” gustativas apuradas, como frisam os “enochatos”.

Como se instalou com pompas e galas o “novo requinte” e por qual razão, é difícil de situar .

Normalmente esses gostos são introduzidos pelo mercado, leia-se lucro.

Antes os escoceses muitíssimos velhos, eram a sofisticação, onde mesmo um doze anos bom, para os conhecedores, deixava soltar o perfume só de cereal, sem nenhum aroma de álcool, após enérgica fricção nas palmas das mãos.

Por esse caminho descobre-se que um oito anos da marca Jameson, da Irlanda, pátria que disputa a descoberta do processo de invento do whisky com a Escócia, é um dos melhores whisquies do mundo.

Lendo um interessante artigo de uma jornalista, quis também “meter o bedelho” nesse tão decantado costume atual.

Dizia ela que estava em reunião social “do mundo do vinho”, quando um amigo saiu com essa: “Fale com toda sinceridade, qual é seu vinho favorito?”, tendo ela respondido: “ainda não me aposentei”.

Achei interessante a resposta, como a dizer, “isso é coisa de sedentário que nada tem a fazer”. Mas não, ela me surpreendeu, pois arremata dizendo que seu sonho é quando se aposentar escolher “a melhor região de vinho e nela morar”.

E faz uma incursão pelo mundo do vinho e lista vinhos bons e baratos, na faixa de R$30,00 a R$ 45,00, apontando desde um Obikwa sul-afriano a um Siciliano com corte de uva nero d´avila.

CONHECE PELA BOCA O VINHO, SEM FRESCURAS, O BOM E BARATO.

O italiano toma vinho desde a chupeta, nele molhada. Não aconteceu comigo, meu pai nada bebia e meu avô muito pouco.

Mas vinho é antes de tudo alimento e também da alma, na correta máxima “in vino veritas”.

Adoro ver a alegria de minha nora após boas taças sorvidas. Hoje os vinhos chilenos estão afamados e a uva carmenère, de excelente vinho, só existe no Chile, já que para lá foi datam anos, sem disso se saber, envolvidas em cepa de cabernet sauvignon, a rainha das uvas, exterminada na Europa pela praga a carmenère.

Foi encontrada no Chile faz pouco tempo.

Não se precisa caminhar entre as videiras de Chateauneuf du Pape, que crescem nos seixos, cepas de mais de quatrocentos anos ou beber um bom Don Laurindo em Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul para saber o que é um bom vinho

Na França se adquire um bom Bordeaux medalha de prata, no mercado, por menos do que um chileno Undurraga. Tudo por módicos preços.

É só para afirmar que vinho não é enígma, é popular. Ninguém encontrará um Petrus ou um Chateau D´Yquem no mercado, nem precisa, é coisa de “eleitos” que têm dinheiro mais para exibir do que por prazer gastar.

Como diz o Renato Machado, jornalista da Globo, que depois de muito tomar vinho, todos, no mundo inteiro, de valores diversos, dos mais baratos ao mais caros, foi ficar admirado com um vinho italiano feito no fundo do quintal.

Por isso sou mais um vinho de Montepulciano, Itália, um Nobile de Montepulciano, onde gerações seguidas da mesma família fazem o mesmo vinho há anos, 1.200 anos, com preço acessível, em local de poucas moradias, na bucólica Toscana. .

Só quero dizer, sem ser um estudioso ou conhecedor, o que acho afetação, que vinho se conhece pelo sabor e, recuso muitos de maior preço em favor de outros de baixíssimo preço, e ótimos. Concluo que cada um tem seu gosto, não se toma vinho por rótulo ou preço, como já ouvi de algumas bocas, cujas “papilas” devem estar comprometidas com ser pernóstico.

Mas antes de tudo, que se beba com moderação e para degustar.Todo excesso contraria a natureza.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/01/2010
Reeditado em 24/12/2010
Código do texto: T2040412
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