Minha Pequena Poça d’Água
Graças ao poder da memória, volto a lembrar de uma historinha com o título de “O Rei e o Peixe”, como forma de alimentar a minha humildade e simplicidade, diante das adversidades da vida. Contava a história que um Rei piedoso ao ver o peixinho numa pequena poça d’água achou por bem tirá-lo dali e jogá-lo no oceano. Na imensidão do mar e na profundeza das águas o peixinho se sentiu ameaçado pelos predadores e assim falou: “Oh piedoso Rei, leva-me de volta para a minha pequena poça d’água; ali eu vivia mais feliz.”.
É natural que o ser humano, com a sua inteligência, sempre vai querer lutar para o seu crescimento profissional, como forma de realização pessoal. Mas, à medida que vai ocupando posição de maior destaque na sociedade o peso de sua responsabilidade vai aumentando cada vez mais e, consequentemente, maiores as cobranças. Pressionado também pela concorrência, muitas vezes pensa em voltar à sua tranquilidade, na pequena poça d’água. Mas, a própria condição social o impede de retorná-lo, sob a pecha de derrotado que lhe causaria frustração.
Segue em frente, com o peso de sua carga, sem o direito de dar um passo atrás, porque se assim fizer não volta para o degrau anterior, mas para o primeiro da escada, onde tudo começou. Não vale a pena desistir. Terá mesmo de enfrentar os tubarões, pois a sua pequena poça d’água já secou. Nas promoções do homem, costumam dizer que ele “passou de pato a ganso” não aceitando mais voltar a ser pato.
As empresas criam métodos de ascensão profissional de maneira que a desistência de uma posição hierárquica não o leve para a imediatamente anterior e sim para a inicial. É como se um coronel, desistindo de sua patente, não pudesse voltar a ser capitão, teria de recomeçar de soldado. É por isso que aos trancos e barrancos o homem bem posicionado socialmente enfrenta a ferocidade dos tubarões e só ao aposentar-se volta à sua pequena poça d’água.