Tudo é verdade, coração...

Quero registrar os sacros e profanos da família, este berço santo da espécie humana, que passa por mudanças. Esta crônica não quer julgar nada nem ninguém, tenciona apenas constatar. E para quê? Para que nos acostumemos com os novos tempos e aceitemos logo o matriarcado que vem com tudo. Mas isto já é quase outra coisa. Voltemos.

Pedro é funcionário público, quarentinha, pratica caratê, bonitão e casado com Teresa. Esta é o tipo coroa enxuta, autônoma, lindona, maravilhosa e sua idade é um enigma: parou nos 37!

O casal referido são os pais de Julia, minha afilhada, agora casada e mãe de uma menina sapeca, a Aninha, que pensa saber tudo aos oito anos de idade. Apesar da linda família formada, Julia não passa um dia sem ir à casa dos pais. Quando não tem nenhum motivo, inventa, e vem trazer a filha para dar beijinhos no Vô e na Vó. O que, a bem da verdade, envaidece meus amigos Pedro e Teresa.

Briga...? Tem, como em toda família: ora mais amena, ora quente mesmo! Vou contar somente duas para não entrar muito na intimidade das famílias, que são minhas amigas, meu Deus! Gosto muito de todos eles, são pessoas maravilhosas e respeitabilíssimas na sociedade.

A primeira briga foi esta: Pedro descobriu que Julia lhe falsificara a assinatura e comprara um automóvel em seu nome na concessionária de um conhecido. Para evitar escândalos, Pedro e Teresa passaram um ‘sabão’ em Julia, tomaram-lhe o veículo e assumiram as 58 prestações restantes.

A outra briga, eu estou com vergonha de contar, mas, vou contar. Por onde começar, meu Deus...? Bem... Bom... É... A Julia extrapola, às vezes... Não é que ela seduziu e levou pra cama o amante da própria mãe!?! Comadre Teresa virou bicho! E o compadre Pedro não sabe mais o que fazer para descobrir o motivo de tamanho quebra-pau entre mãe e filha. E o pior: Aninha, a de oito anos – filha de Julia, neta de Teresa – está ameaçando contar tudo ao pai, Tiago, que lhe promete uma Barbie enorme, a maior que existir...