SOBRE O ABRAÇO - NOVIDADES QUE NUNCA FORAM SEGREDO...

O abraço é algo curioso. Ninguém sabe quem, mas alguém o inventou. Pelo que se conhece, o abraço é multifuncional e multiocasional, isto é, ocorre por várias razões, nas mais diversas situações. O abraço não tem preconceitos, pois constantemente é visto sendo praticado sem distinção de sexo, raça, credo ou faixa etária. Resta saber o que ele quer dizer nestas horas, pois, basicamente, existem dois tipos de abraços: o verdadeiro e o nem tanto. Estas categorias por sua vez se subdividem em várias outras, facilmente reconhecidas pelos olhos, ou melhor, pelos braços de um bom entendedor de abraços. Vejamos portanto, algumas das modalidades mais conhecidas por aí:

1- O “abraço-pão-com-manteiga”. É aquele que combina, que dá certo. Seus parentes mais próximos são o “arroz-com-feijão” e o “queijo-com-goiabada”. Acontece muito entre bons amigos ou velhos conhecidos. É sempre gostoso e não custa nada . É o mais popular.

2- Outro tipo conhecido é o “abraço-propaganda”. É o mesmo que se diz “abraço carinhoso”. Ele é de fala fácil e bastante divulgado. O problema é que anda muito desgastado pelo uso excessivo. É certo também que ele é de ficar muito só nas palavras, e nem sempre corresponder ao produto que anuncia.

3- O “abraço-Denorex” é aquele que parece mas não é. Também conhecido como abraço “cordial”. Como diz o nome, tem a ver com o coração. Mas aí é que mora o perigo! Ele tem sido visto frequentemente nas frias despedidas das cartas, cartões e outras correspondências. No fundo ele é uma farsa.

4- E o “abraço-sorvete”? Esse teria tudo para ser gostoso, mas traz um inconveniente: por ser servido sempre gelado tem um sabor meio cortante que causa até arrepios. O incrível é que nem no maior calor ele consegue agradar. Recomenda-se manter sobre ele certa distância para não se contagiar com sua frieza. Todo cuidado é pouco.

5- Ao contrário do “sorvete” temos o “abraço-leite com toddy” .Tem gosto das coisas boas. É uma delícia, pois é sempre quentinho, passa calor e energia. Para desgastes do dia-a-dia, vem na medida certa. É vitaminado, dá força e não há restrições quanto ao seu uso. Ele não faz o menor mal à saúde.

6- Sinistro é o “abraço-fantasma”. Usa máscara e é sempre muito suspeito. É aquele que quando você o pressente, dá vontade de fugir. Pra assombrar desse jeito, alguma ele andou aprontando. O que será?

7- Chique é o “abraço-grã-fino”. Normalmente é encontrado nas altas rodas sociais. Manda a etiqueta, que seja dado bem de levinho, que é pra não amassar a roupa ou desmanchar o cabelo. É um dos mais artificiais.

8- E o “abraço-caipirinha”? Alcunhado de “abraço brasileiro” ele é alegre, divertido, alto astral. Deixa você leve e solto. Como todo bom aperitivo, exige acompanhamento. Nesse caso, pode ser servido com beijinhos, risadinhas ou palavras carinhosas. Aí, o sabor fica imbatível. É um dos mais procurados.

9- À base do improviso, tem também o “abraço-gorjeta”. É aquele que vem de surpresa, quando você não esperava mais que um aperto de mão. É sempre bom recebê-lo. Só que não é muito comum, o que é realmente uma pena.

10- Em destaque, o “abraço-novela”. Esse é cheio de capítulos e parece se arrastar para sempre. Desperta dois sentimentos em quem assiste á cena: o tédio, ou a inveja. Porque aí, depende muito de quem é o protagonista

11- Agora, cuidado mesmo é com o “abraço-de-vidro”. Vem sempre tão fraquinho, tão de longe. Muito praticado por quem tem medo de se quebrar, ou prefere não se envolver. Daí, a cautela,a distância, o autocontrole. É um dos mais sem graça.

12- Em tempo, aplausos para o “abraço-relógio”. Pontual, ele nunca falha ou se atrasa. É abraço pra todas as horas. Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, até que a morte o separe. Se possível mantenha um assim sempre por perto. Você não vai perder seu tempo.

13- Tem ainda, o “abraço-bola-na- rede”. Esse é só alegria, balança as estruturas, desarma toda defesa. Dá vontade de gritar: é gol! Pena que é muito sofrido e custa acontecer. É um dos mais vibrantes.

14- Deprimente é o “abraço-mendigo”. Apesar de esperado, se não pedir ele não vem. É mais comum entre filhos carentes e pais ocupados ou pais carentes e filhos desocupados, valendo o trocadilho, é claro.

15- Frustrante e cruel é o “abraço-vitrine”. Mesmo exposto e tão pertinho de você, ele não te pertence. É altamente tentador, dá vontade de roubá-lo. Nesse caso, o melhor é manter a calma e se conter. Isso ajuda a evitar decepções e outras confusões.

16- Cheio de segundas intenções é o, já famoso, “abraço-de –tamanduá”. Contrariando as evidências, ele sempre quer algo em troca. É muito encontrado no meio político, ou no mundo dos negócios. Fica mais em moda no período que antecede às eleições. Ninguém sabe a causa (?). De qualquer forma, fuja dele. Ele não merece um pingo de confiança.

17- Duro de aguentar é o “abraço-tortura”. É sempre exagerado, sufocante e dolorido. No auge da euforia é dado com força brutal que quase lhe parte os ossos. Sugestão: escape de fininho de seus praticantes, a não ser que você tenha um bom plano de saúde.

18- Já o “abraço-indeciso” é um tipo curioso.Geralmente ocorre por tentativa e erro, até que chegue ao acerto, lógico. Costuma ficar ensaiando sem saber se vai pra direita, se vai pra esquerda, o que chega a causar certo desconforto. Porém, se os praticantes forem dotados de bom-humor, ele pode até ser engraçado.

Além dos abraços citados, outros ainda podem ser encontrados: o “abraço-abacaxi” que é doce, mas vem com espinhos; o “abraço-maçã” que por ser proibido tem vida secreta; o “abraço-econômico”, que o tempo urge e a vida não “tá” mole; o “abraço-chiclete” que depois de pregar não desgruda mais; o “abraço-sem-sal” que você abraça porque todo mundo abraçou e fica feio ficar de fora; o “abraço-pipoca” que vem sempre com pulinhos; o “abraço-quiabo” que escorrega pra todo lado; o “abraço-corretivo” que vem sempre com tapinhas; o “abraço-tudo-bem” que é pra manter a rotina e não piorar ainda mais as coisas. Enfim, o “abraço-vale-tudo”, com você jogando a única carta e apostando a última ficha.

Para um dia feliz, dizem, pelo menos sete abraços. Será mesmo? Li que 22 de maio é “o dia do abraço”. Pena que o calendário não vá até 51, pois esse número seria uma boa ideia pra se comemorar a ideia genial de se criar o dia do abraço. Agora, é preciso que esta data não se torne apenas uma razão a mais para aquecer as vendas no comércio. Porque aí sim, teríamos que inventar o “abraço-vale-compras”

De qualquer forma, o grande “tchan” é nunca abrir mão do “abraço-sincero”, pois este, atualmente é motivo de grandes preocupações do IBAMA (Instituto Brasileiro de Quem Ama). Sabe-se que, ultimamente o “abraço-sincero”anda muito caçado e corre sério risco de desaparecer. Aliás, estatísticas comprovam, ele já é uma espécie em extinção. Portanto, abra seus braços, aqueça seu coração e faça sua parte: ajude a preservar o “abraço-sincero”. Ele está valendo ouro...

MARINA ALVES
Enviado por MARINA ALVES em 19/01/2010
Reeditado em 19/01/2010
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