Conversa com Maria Alice

A frase marcou meu cerebro como um relógio marca a noite com tic-tac gotejado. Por Deus! Havia algo lido, mas esquecido. Como responder ao erro grosseiro? Como escapar da pura desatenção? Perdido que fiquei diante da atenciosa escritora Maria Alice. Toda composta de satisfação destilada das crônicas que ela escreve muito bem. Porém vaguei sem curso no grande universo de recursos tecnológicos.

Há nesse mundo de Maria Alice, cronista que dedica atenção especial aos leitores, (mesmo quando esquecemos aquilo que escrevemos ou comentamos) uma paciência adorável para conversar ainda quando perdemos o fio da meada. Mesmo quando nos alheamos em fuga para o vazio, nesse contexto absolutamente aritmético dos meios. Dispostos a vogar sem ancora por intermédio de milhares de tópicos.

Desconhecida amiga entre tópicos sobre tópicos. Afinal, que espaço ocupamos nesta geografia virtual infinita? Quem somos diante de tanta uniformidade dinâmica? Como saber?

Certa vez um conhecido discutia com uma moça brilhante a cada réplica. Iam e vinham esgrimando critérios de um tópico a outro em páginas diferentes da web. Foi a primeira vez que notei o quanto as pessoas seguem vagando mentalmente de um ponto virtal até outro. Algumas com a mesma fome de investimento verbal. Seria sublimação virtual? Mas, afinal o que estou sublimando?

Desculpas por ter esquecido o conteúdo sincero de um assunto.

Sublimo meu esquecimento, minha precariedade literária, minhas palavras de antanho. Por sorte trata-se de Maria Alice, fina, delicada, elegante e disposta ao riso colorido típico das inteligências elevadas. Ocorre que é moderno ficar sem memória diante da hipnose rápida das cores. Para correr entre a velocidade impulsiva das mudanças temáticas nesse espetáculo atualizado da estética. E como mudamos de assunto a cada instante internáutico! Ou seria internético?

Confesso que estou sem saber, sem conhecer, sem viver de fato o conjunto real nesse ambiente de máquina. Mesmo assim nos entendemos. Aborígene que sou das coisas simples.

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