ATRIZ ANTÔNIA MARZULLO
TEATRO
Antônia Marzullo sepultada
Brício de Abreu
Na última segunda-feira, 25, foi sepultada no Cemitério de Catumbi uma das figuras populares de nosso teatro, que teve evidência entre 1930 e 40, seguindo sempre em teatro, onde pertenceu às melhores Cias. do Rio, sendo a sua última criação na peça “A moreninha”, no João Caetano, há poucos meses. Antônia Marzullo era uma excelente atriz e faleceu no último domingo, mês de agosto que tem levado uma quantidade enorme de artistas. Nasceu no Rio a 13 de junho de 1894, estudou no colégio da “Divina Providência” até aos 17 anos, casando-se aos 19. Era mãe de Dinorah Marzullo, casada com Manuel Pêra, há pouco falecido também, e avó de Marília Pêra, casada com Graça Mello Filho. Antônia estreou em 1920 como corista na “Companhia João de Deus”, no Cinema Íris, na peça “O frade da Brahma”, de Ruy Chianca e Palmeirim. Em 1922, estreou em Lisboa, no Teatro Apolo, em turnê com Henrique Alves; a seguir, foi para o Teatro Recreio do Rio. Nesse mesmo ano, passou-se para o Teatro São Pedro, no Rio, como atriz dramática da Companhia Chaves Florence, estreando na peça Os hunguenotes. Com o mesmo elenco, foi logo após para o Teatro Centenário, na Praça XI. A seguir, viajou todo o norte do país com a Companhia Maria Lino, obtendo grande êxito como atriz. Voltando ao Rio, foi para o Teatro Íris com Juvenal Fontes, ainda com enorme êxito de público e crítica em papeis típicos nacionais como “soubrettes”. Fez parte de diversas companhias e excursionou pelo Brasil. Foi convidada para a Companhia de Comédias Palmeirim Silva, onde ficou vários anos, obtendo êxito, até como caricata; inclusive, no Teatro Trianon. Em 1935, contratada por Renato Viana, foi para o Teatro Escola, atuando no Teatro Cassino, no Rio, “Boa Vista”, de São Paulo, e, a seguir, no nosso Municipal. Após, foi para a inauguração da Casa de Caboclo no Teatro Fênix. Em 1936, fez parte da Companhia Alda Garrido [1], no Carlos Gomes. Em 1937, obteve ainda grande êxito. Fez parte de variadas companhias; sempre com êxito de público e crítica. A última peça em que tomou parte foi com sua filha Dinorah, tendo como principal personagem sua neta Marília, no Teatro João Caetano: “A moreninha”. Teve três filhos: Maurício, Dinah e Dinorah [2]. Trabalhou ainda nas companhias Brandão Sobrinho, Maria Lina, Nino Nello, Eva Todor [1930], Raoul Roulien, com quem excursionou todo o norte, Procópio Ferreira e Walter Pinto. Foi uma das criadoras de “Sexo e Deus”, de Renato Viana, e fez inúmeros filmes. Com Dulcina e Odilon obteve grande êxito em “As árvores morrem de pé”. Seus filmes êxito foram: Favela dos meus amores, Inconfidência mineira, Noites de Copacabana, Mãos sangrentas, etc. trabalhou na Rádio Nacional, na Rádio Tupi. Antônia Marzullo, acompanhada por seus colegas e admiradores, dirigentes da Casa dos Artistas e empresários, foi sepultada, como dissemos na última segunda-feira, aos 75 anos de idade. Foi uma artista que colaborou em todas as grandes iniciativas do nosso teatro, ajudando a realização de sua história e de seu valor, continuado por sua família, agora formada de artistas de grande mérito que honram seu nome, como Dinorah Marzullo, casada com o falecido Manuel Pêra, e sua neta, Marília Pêra, atualmente, um dos nossos grande cartazes de teatro e tv.
[1] Antônia trabalhou na Companhia Alda Garrido ao lado de suas filhas Dinah e Dinorah Marzullo. Nesta ocasião, Dinah conhece o teatrólogo Nestor Tangerini, com quem se casaria em 1939.
[2] Antônia Marzullo, atriz de circo, teatro, cinema, rádio [Rádio Nacional], televisão e comercial [Coopertone] era mãe de Maurício Marzullo, advogado e poeta [*1915 - + 2008], Dinah Marzullo Tangerini, ex-atriz, viúva do [*1917 - +2005], e Dinorah Marzullo Pêra, atriz [*1919].
O texto, provavelmente publicado no jornal O Globo em 29 de agosto de 1969 [sexta-feira], foi revisado por Nelson Marzullo Tangerini, neto da atriz. Abaixo dele, havia uma foto [em péssimo estado] de Antônia acompanhada de elenco e o seguinte texto: “Em 1939, em uma das muitas excursões, vemos Antônia Marzullo com a Companhia Mesquitinha, em Florianópolis. Da esquerda para a direita, Armando Rosas, Manuel Pêra, Dinorah Marzullo e Antônia Marzullo. Ao alto, Maria Costa e Mesquitinha, em pé.
Arquivo Família Marzullo-Tangerini:
nmtangerini@gmail.com e nmtangerini@yahoo.com.br
msn: nmtangerini@hotmail.com
Vejam “Comunidade Antônia Marzullo” no Orkut.