LEMBRANÇAS AMARGAS

Preciso apagar a luz da saudade que me sufoca e fazer desenhos de luares falando-me da alegria. Porque o ar que me rodeia, decerto envenenado de lembranças amargas, penetra-me os poros com avidez e indiferença. Anelo noites estreladas e mares calmos que me aquietem a alma, contudo somente o vento inesperado da melancolia insiste em varrer meu rosto, aprofundar meus abismos já tão descomunais. Onde foi que deixei os restos de sorrisos e os fragmentos do mísero êxtase deparado ao longo dessa cansativa jornada? Provavelmente se dispersaram enquanto eu caminhava, espalhando-se devido a força das tempestades e dos reveses plantados em cada curva.

Onde colocaram a tomada da melancolia a todo vapor, de que forma a ligaram tão impiedosamente sem que eu pudesse esquadrinhar seus contornos? Quiçá em possa descobri-la para desligar antes que me afoguem as lágrimas e a amargura vença minha ânsia de continuar lutando pela felicidade. A energia negativa pairando nalgum lugar em meu derredor estonteia-me, arranca as emoções positivas semeadas em alguns momentos vividos, corrói sinuosa as cores do arco-íris pintadas por meu coração quando os corolários do sorriso sobrevoavam minhas faces. Algo transformou meus instantes, derrotou minhas certezas, sombreou as razões dos desejos que me guiavam. Necessito vencer esses óbices e subir as escarpas diante de mim desafiadoras.

Vou desenhar rostos felizes em papel celofane, sóis esplendorosos iluminando os amanheceres, anoiteceres enluarados fazendo do céu um glorioso quadro incomensurável, oceanos sorridentes abrindo suas águas para abraçar desertos implacáveis. Em cada parede e em todos os muros alhures grafitarei palhaços engraçados dominando piruetas hilariantes, acionarei despertadores com som de gargalhadas por ruas afora para que as pessoas despertem alegres para os novos dias vindouros. Gritarei através dos raios virtuais da internet brados de "viva a vida" e os enviarei ao Universo e, assim, tentarei distribuir ânimo a quantos certamente também estejam quase tragados pela desilusão. Serei embaixador do riso por aí, nos hospitais, nas creches, nos orfanatos. E escreverei a seguinte mensagem como verdadeiro projeto de vida: quero e serei feliz!, remetendo o refrão ao mundo inteiro.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 18/01/2010
Código do texto: T2035815
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