O QUE É MAIS IMPORTANTE, SE TER RAZÃO OU SER FELIZ?

Na vida o que mais temos são relacionamentos conflituosos. Por que isso, se o ser humano nasce almejando a paz e harmonia? Idealizamos o mundo, partindo do princípio de que tudo tem origem em nós. O que quer, ou quem quer que seja, existe para me agradar e me completar. O egocentrismo é inerente ao homem. A criança pequena, mas que já tem noção dos objetos e das pessoas ao seu redor, exige que a casa, seu espaço vital, gire em torno de suas necessidades. Comida quando está com fome, banho se está suja, colo na carência e entretenimento, caso esteja acordada, limpa e saciada.

Leva um bom tempo para que o infante perceba que não é o sol, mas simplesmente faz parte deste universo ordenado, ou desordenado, que é o mundo. Esta percepção se acentua quando ele vai para a escola e nota que é só um aluno no meio da classe, com apenas uma professora para todos eles. Passa a dar importância à sua cadeira e mesa, e cria a noção de propriedade. Aí, começa a cobrar os seus direitos; mas não para reconhece os direitos do colega, que pode até virar amigo.

Os primeiros relacionamentos de um indivíduo são com os pais, avós, tios e primos; ou seja, com a família mais próxima. Logo nos primeiros anos, antes da escola, vem o local onde é levado para pegar sol: o parquinho ou a pracinha, onde a socialização, propriamente dita, acontece. A convivência com outras crianças da mesma idade é importante para que ele reconheça, desde cedo, os diferentes estágios da vida.

Hoje me apresentaram um texto sobre árvores tortas e a necessidade do homem em “endireitá-las”. Moro em casa com jardim e me dei conta da quantidade de estacas que coloco ao lado das mudas tenras, para que elas cresçam retas. Da mesma forma que agimos com o reino vegetal, acabamos repetindo com os nossos relacionamentos.

Nunca paramos para pensar sobre os motivos, reais ou imaginários, que levam as pessoas à violência ou à passividade, diante de um problema. Acredito que elas não são violentas ou passivas, por natureza. A sua história de vida as levou a esse comportamento. Esta diferença entre os seres humanos indica o grau de dificuldade que é conviver com o outro. Multiplique isso pelo número de familiares, amigos, e colegas de trabalho ou estudo.

A impulsividade é a inimiga número 1, no trato com as pessoas. Aquele velho conselho, contar até dez, antes de falar alguma coisa, é muito sábio e a melhor arma para evitar conflitos.

Ultimamente percebi as diferenças na humanidade. Isso me tem levado a, diante de uma situação de divergência, me manter calada. O silêncio me dá tempo para pensar se reajo ou não. Quase sempre percebo que foi a melhor atitude.

Uma vez alguém me perguntou: “O que você prefere, ser feliz ou ter razão?”. Entendi profundamente o sentido do questionamento e fiz a minha escolha. É quase impossível se ter as duas coisas ao mesmo tempo; ter razão, pode não fazê-lo se sentir feliz. Em compensação, que diferença faz, se ter ou não razão, quando se é feliz?

Petrópolis, 16 de janeiro de 2010

Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 16/01/2010
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