Nem mel, nem cabaça.
Com sua cabaça a tiracolo, ia lá o caçador de mel à procura de uma imburana oca, onde pudesse encontrar uma colméia com seus ricos favos de mel. Antigamente, até as abelhas trabalhavam de forma artesanal, fazendo o seu cortiço num pau oco, diferente de hoje, que conta com a ajuda do homem para uma produção em maior escala, de forma industrial, com seus caixotes próprios para a instalação da colméia. Ao invés de cabaças, a coleta do mel passou a ser em tonéis, tamanha é a sua produção.
Utilizando-se de um machado para abrir o oco daquela árvore, o caçador coletava os favos, espremia-os e colocava o mel na sua cabaça, um recipiente feito da cabaceira, o mesmo que, dividido ao meio, faz-se a cuia. Pela sua fragilidade, a cabaça se quebrava facilmente, numa queda acidental, perdendo aquele precioso líquido. Então, o pobre coitado chegava em casa desconsolado e dizia: “nem mel, nem cabaça”, significando nem uma coisa nem outra. Trabalho totalmente perdido. O provérbio serve para nos orientar a sermos mais cautelosos, no sentido de que entre duas alternativas possamos salvar pelo menos uma. Quantas vezes deixamos escapar as oportunidades que nos surgem, ficando “a ver navios”, ou como esse provérbio, sem o mel e sem a cabaça.
Muitas vezes, na ânsia de conquistarmos o máximo, ficamos até sem o mínimo. Deixamos o certo pelo duvidoso, assim como o provérbio “é melhor um pássaro na mão do que dois voando”. Pela busca incerta, ficamos sem os três. É evidente que ninguém vive ser correr risco, mas ele deve ser calculado, planejado, para evitar maiores perdas.
Assim como nos ensina o livro “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, devemos conhecer as nossas forças e fraquezas tanto quanto as do inimigo, se quisermos ser vencedores. Do contrário, entregamos de bandeja a nossa cabeça, tal qual o imprevidente caçador, ficando fatalmente a reclamar: “agora, nem mel, nem cabaça”.