Operação Tartaruga
Tranquiléria amanheceu dando pulinhos de alegria. Havia achado uma tartaruga passeando pelo quintal. Saiu acordando toda a casa.
Apavorildo, o marido, acordou em desespero, quase tendo um troço:
- Ai, meu Deus, o que houve? O que houve?
A mulher:
- Eu não disse que Deus ia ajudar...
O marido:
- Conta logo o que houve, diabo, que eu tô cum o coração aos pulos!
Entra o filhinho, chorando:
- Ai, mãe, tem uma cobra de capacete, lá no banheiro...
O pai:
- O quê, o quê? Uma cobra?... Ela te picou?...
O garoto:
- Olha, mãe, o pai falando palavrão!
Tranquiléria acalmou os dois:
- Calma, pessoal, eu explico... Hoje cedo, quando acordei, encontrei uma tartaruga aí no quintal...
Apavorildo:
- Uma tartaruga aí no quintal? Não acredito!
- Pode crê! Eu peguei ela e coloquei no banheiro... Eu tava doida pra comer uma farofa de tartaruga, na casca... Foi Deus quem me ajudou!
-Desde quando Deus tem tempo de ficar distribuindo tartarugas por aí, mulher? Deve ser do vizinho, aí do lado...
A mulher sentenciou:
- Bem, achado não é roubado... Ela apareceu no nosso quintal e vai ser nosso almoço!
O guri:
- Mãe, se eu bater na casca ela sai lá de drento?
Nem ligaram para ele. O pai:
- Melhor devolver pro vizinho... Cuidado com o IBAMA!
A mulher:
- Engraçado, é isso que o vizinho fala toda vez que eu saio com o meu short de cotton... Aquele coladão!
Apavorildo:
- O quê?! Ele diz isso? Desgraçado, então vamos comer logo essa tartaruga!... Já que eu não posso fazer o mesmo com a perema da mulher dele!
Tranquiléria:
- O quê?
Desconversou:
- Vamo fazer uma sopa!... Eu adoro sopa de tartaruga!
O moleque:
- Eu quero a casa dela pra brincar de fusca!
A mãe:
- Nem fusca, nem lusca... Eu vou é envernizar pra colocar na parede!
- Tu tá doida, mulher?... De repente o ex-dono vem visitar a gente e dá de cara com a finada, aí na parede??...Eu vou é guardar como troféu de caça!
E foi nesse exato momento que desabou o maior toró. Água pra Noé nenhum botar defeito. Alagou tudo: o quarto, a sala, a cozinha.... Maior correria pra salvar tudo. Até o banheiro alagou, claro. A tartaruga, ó, por aqui... Sumiu tão misteriosamente quanto aparecera.
Depois da tempestade a chorança:
- É... fácil vem, fácil vai...
- Lá se foi minha farofa...
O menino:
- Mãe, o bicho morreu afogado?
- Não, meu filho, ele nada!
- E nosso almoço também: nada!
Bem, no dia seguinte, tranquiléria acordou soltando os cachorros. Apavorildo teve que acordar, novamente, num pulo:
- O quê houve? O que houve?
- A mulher:
- Sumiu o meu short de cotton... Eu ia vestir pra ir à feira!
O marildo, tranquilo:
- Alguém peguei, não sei quem fui!
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V I S I T E