CONDUZIR OU SER CONDUZIDO?

O blecaute ocorrido na noite anterior atingiu diversos estados brasileiros causando inúmeros transtornos. Pessoas presas em composições de metrô, semáforos desligados, ocorrências policiais, acidentes, população e autoridades pegas desprevenidas. Estes transtornos são apenas alguns dos componentes que formaram o quadro caótico estabelecido nas pequenas e grandes cidades brasileiras

A frase acima pode ser preferencialmente utilizada para relatar qualquer apagão ocorrido no território brasileiro, inclusive no penúltimo e maior apagão que ocorreu em 1999 – deixando mais da metade do país no escuro – e se adequa perfeitamente no último blecaute ocorrido na noite de 11 de novembro de 2009 e que trouxe as mesmas malévolas conseqüências 10 anos depois.

Analisando a questão sob a ótica da sociedade civil, cabem algumas questões. Por qual motivo a sociedade civil está tão minimamente preparada para enfrentar estes apagões já que eles são perfeitamente previsíveis? Será que colocamos excessiva confiança nas empresas responsáveis em monitorar e manter o sistema de distribuição elétrica? Crença inabalável no fato de que não haverá nenhuma pane elétrica e se houver, será resolvido o mais rápido possível. No entanto, o que se pode observar, em meio ao transtorno das cidades imersas em escuridão é que é possível encontrar instituições que restabelecem o fornecimento de eletricidade por meio de geradores. Quando isto ocorre, estes locais tornam-se mais do que pontos iluminados eles passam a ser também um lugar que proporciona uma relativa segurança e refúgio ao cidadão pego de surpresa. Neste caso, em tais pontos, houve a preocupação em planejar e investir em um plano de emergência para protegerem-se de quedas de energia. Tornam-se exemplo do cidadão que conduz sabiamente a situação até que o fornecimento elétrico seja restabelecido. Ao passo que o restante da população é conduzido e espera e até se desespera enquanto a luz não volta. O lema da cidade de São Paulo é: “Não sou conduzido, conduzo”. Aplicando este lema à queda de energia elétrica questiona-se logicamente: O que a Defesa Civil, a Prefeitura, a Segurança Pública, os Empresários e demais interessados estão fazendo para não serem conduzidos ao caos que o apagão tantas e tantas vezes nos leva?

É evidente a necessidade de se discutir, elaborar e aprimorar um plano de prevenção contra panes elétricas ou ainda, contra todo o tipo de catástrofes.

É incrível como os noticiários, especialistas, políticos e outras figuras da sociedade limitam-se a creditar, direta ou indiretamente, a culpa das panes elétricas a um ou mais culpados. Muitas vezes buscando explorar o tema com todas as intenções possíveis exceto minimizar os efeitos que um apagão produz efetivamente nas cidades brasileiras. Estamos, principalmente do ponto de vista da segurança nacional, diante de uma situação onde a prevenção é mais urgente do que a punição em si.

Mais quais ações devem ser tomadas para prevenir-se deste problema?

Bem, pode-se começar recorrendo aos engenheiros elétricos com a seguinte questão: É possível instalar geradores capazes de manter os semáforos funcionando por um período de 2 horas? Tais geradores poderiam ser instalados em semáforos estrategicamente escolhidos visando reduzir a lentidão e aumentar a segurança dos motoristas e pedestres e com isto liberar, por exemplo, o pessoal da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para sinalizar os demais cruzamentos?

Pode-se recorrer ao Poder Público e aos empresários para reunir-se a fim de estabelecerem a eleição de determinados prédios, logradouros, etc.; que teriam prioridade na instalação de sistemas de iluminação de emergência para que, em casos de apagões, pudessem iluminar e garantir a segurança do cidadão que transita pelas ruas evitando o pânico e ações de vandalismo.

Pode-se ainda, recorrer, na alçada do Poder Público, à pasta responsável pelo transporte público e a representantes da Companhia dos Trens Metropolitanos e a engenheiros para que juntos, possam encontrar uma solução capaz de fazer movimentar as composições até a estação mais próxima, caso haja pane elétrica.

Podemos e devemos recorrer a muitas outras coisas onde o mais importante é encarar e reduzir a vulnerabilidade da qual a sociedade paulistana e por extensão a sociedade brasileira se encontra hoje no que se refere à queda de distribuição elétrica.

É possível? Claro que é possível. Nós sabemos que sim. Basta, antes de tudo, vontade para conduzir o nosso destino sem depender ou culpar quem quer que seja.

Knorr
Enviado por Knorr em 15/01/2010
Código do texto: T2031897
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