Affonso Romano de Sant'Anna
Dou com uma poesia de Affonso. Não a conhecia, mas sei
que o professor-poeta é
meticuloso no que escreve. A elegância no escrever, que falo no meu perfil, está estampada no verso do professor.
Affonso sabe colocar ordem onde parece que ela não existe; nos seus poemas existe uma confusão premeditada, que obriga ao leitor prestar atenção, sentir o que ele transmite. Sua fama não é gratuita, como se pode ver com facilidade. Flui livre, e está bastante visível que se ele não escreve tancas – o poema mostra isso – é por que não quer.
"Elefantes
Entrementes leio
que em Daknei
os elefantes não vão ao rio banhar-se
na Lua Nova
e depois de assim saudá-la
voltam à floresta tranqüilos
Quando doentes
(também leio)
com as suas trombas
lançam ramos de árvore
no céu
como se oferecessem sacrifício
a um deus qualquer.
Pode ser tudo imaginação humana.
Mas na Índia (já foram vistos)
no crepúsculo
- os elefantes choram."