Affonso Romano de Sant'Anna

Dou com uma poesia de Affonso. Não a conhecia, mas sei

que o professor-poeta é

meticuloso no que escreve. A elegância no escrever, que falo no meu perfil, está estampada no verso do professor.

Affonso sabe colocar ordem onde parece que ela não existe; nos seus poemas existe uma confusão premeditada, que obriga ao leitor prestar atenção, sentir o que ele transmite. Sua fama não é gratuita, como se pode ver com facilidade. Flui livre, e está bastante visível que se ele não escreve tancas – o poema mostra isso – é por que não quer.

"Elefantes

Entrementes leio

que em Daknei

os elefantes não vão ao rio banhar-se

na Lua Nova

e depois de assim saudá-la

voltam à floresta tranqüilos

Quando doentes

(também leio)

com as suas trombas

lançam ramos de árvore

no céu

como se oferecessem sacrifício

a um deus qualquer.

Pode ser tudo imaginação humana.

Mas na Índia (já foram vistos)

no crepúsculo

- os elefantes choram."

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 15/01/2010
Reeditado em 15/01/2010
Código do texto: T2031095
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