Os percursos da sensibilidade.

Por vezes, amigos me perguntam de onde vem tanta sensibilidade. São coisas de minha alma, que só ela entende. Busco dar uma explicação, mas as palavras ressoam e tem pouca firmeza, mas quando me despreocupo com as respostas, eis que vem a minha intuição e me dá uma réplica, que diz que são coisas que estão impressas no meu coração.

Quando faço do silêncio o meu caminho, caminho por entre as veredas do pensamento e é nelas que eu encontro o mote, aspiro a pipa, ascendo a pira e me faço luz. Ouço então o canto ao luar, lembro dos momentos filosóficos em Orleans, com o meu amigo Celso e deixo correr o sentimento, discorrendo sobre a dor e a alegria de viver eternamente.

Quem gosta de ser eterno? Saber-se infinito e incomensurável, que a tudo e todos no mundo e fora dele abrange e acontece ininterruptamente, como o espargir de um som pelo tempo, assim como uma onda, um canto que todo encanto nos traz e nos deixa fazer de nós mesmos o símbolo daquilo que buscamos dentro de nós, a eterna felicidade.

É daí que vem esta sensibilidade. Essa percepção de coisas da alma, que com toda calma se faz acontecer. É como fluir da chuva e o movimento das águas. Ou como o explodir de um vulcão. Ainda como o nascer de uma planta, ou o espalhar-se da luz do alvorecer na manhã em flor que nos aquece os olhos e nos faz sentir a vida, em sua pureza e amor.