Férias para que te quero
“Férias são consideradas no Brasil uma conquista social. Uma conquista sociologicamente estranha, porque cria e perpetua a idéia de que no Brasil se ganha sem ter de trabalhar. Perpetua a visão romântica de que alguém lhe pagará para ficar em casa fazendo nada.” Fragmento do artigo “FÉRIAS? NEM PENSAR” de Stephen Kanitz no Ponto de vista da VEJA em 2002
Em que pese a malfadada opinião do articulista da revista neste controverso texto e de o próprio afirmar que da próxima vez em que você tirar férias, deve lembrar-se de que seu assistente está se esforçando ao máximo para ficar com seu emprego, para sempre (sic), a partir de hoje estou disposta a correr todos os riscos.
Certamente não é só porque não tenha “assistente”, nem cover, mas porque de bom grado passarei o bastão para quem quiser assumir o tanto de problemas que como educadora do sistema publico de ensino e conselheira municipal de educação enfrento no cotidiano do trabalho.
Desculpe seu moço, mas quem trabalha merece descanso, merece e tem direito ao ócio, um tempo sem cartão de ponto, sem agenda, sem transito, sem o corre corre da vida moderna.
Já afirmei em outra crônica sobre férias (O meu direito à preguiça) que tiro férias para ficar em casa mesmo já que estou por aqui sempre menos do que gostaria. Ainda mais agora, de endereço novo, com tanto a providenciar, a exigir minha presença.Ainda mais que o verão nessa cidade é sempre luminoso, cheio de cheiros e encantos, lugares muito interessantes e pessoas queridas para visitar, sempre.
Férias para não fazer nada só se for ele, o Stephen Kanitz, que tira. A realidade de uma mulher em férias é outra. Particularmente, tenho sempre o olhar voltado para organizar um pouco a vida da casa, receber e visitar parentes e amigos, por a leitura em dia (isso eu tento todo o ano... e minha dívida comigo mesma só aumenta), ver os filmes que não tive tempo, participar mais dos eventos culturais da cidade, dormir um pouco mais que o de costume, relaxar com os horários, cuidar da saúde e, como de costume também, aproveitar o auge do verão, viajar e carnavalizar meu espírito, que ninguém é de ferro.
Se isso é não fazer nada, então eu vou fazer muito nada por esses dias.
Nos vemos por aí?