Sobre culinária na França

Lá eu almoçava e jantava em restaurante universitário, isto é, de bandejão. Mesmo assim, havia a classificação ‘entrada’, ‘prato principal’, ‘salada’ e ‘sobremesa’ (que se chama dessert e não surtable como nós brasileiros temos a tendência de pensar). Só faltava o cafezinho, mas aí era querer demais... Então aprendi que a entrada pode ter um nome pomposo, como ‘jambon à la crème de fromage’ e não passar de duas fatias de presunto enroladinhas e escondidinhas sob molho branco...

De vez em quando, pra variar, eu fazia alguma coisa chez-moi. Quase sempre uma sopinha de envelope... Não riam, aprendi muito com elas, de tanto ler as instruções. Por exemplo, que fogo baixo é ‘feu doux’ (fogo doce ao pé da letra) e que depois de dissolver aquele pó, mexendo sem parar, você deve tampar a panela e deixar o caldo ‘mijoter’ por alguns minutos! Apesar da surpresa e da impressão causada, a sopa fica boa, garanto. Mas não peça um plat fond para tomá-la, ‘plafond’ é o teto. Da cozinha, da sala, ou de qualquer outro lugar da casa.

Aprendi também que ‘plat’ não é prato, é a travessa, ou a comida. O ‘plat du jour’ (prato do dia) pode ser boeuf bourguignon. Isso de vez em quando, porque no dia-a-dia o plat du jour, ou seja, nosso arroz-com-feijão, é ‘bifteck frites’. Deu pra deduzir? Não passa de bife com batata frita. Mal passado, de preferência.

Pôr o couvert não quer dizer colocar potinhos de patê, azeitoninhas, berinjela com alho, torradinhas... É arrumar a mesa para a refeição. Com toalha, pratos, talheres, guardanapos, copos...

Ah! Antes que eu me esqueça, talher não é ‘tailleur’...

chez-moi: na minha casa

tailleur: alfaiate / taier (conjunto saia e blazer do mesmo tecido)

talheres: couverts

assiette: prato

assiette creuse: prato fundo

mijoter: cozinhar lentamente em fogo brando