A musa da minha sala de estar!
A tevê figura constante no canto da sala, fazendo par com o móvel morreu nesta tarde! Morte súbita e inesperada, logo depois de um... Fulllll! Não posso dizer que ela, tinha grande importância, mas já era de costume, uma mão qualquer teclar o botão Power, ou seja, lá qual for, e ela de pronto responder e ali ficava; ligada! Idosa, satisfeita, feliz de ser TV e Trazer toda sorte de noticias da província mundi; tinha desde o terror da crise econômica, até a solução para fazer pão de ló sem ficar com cheiro de ovo, ora, te digo mesmo, era um prazer ver a entusiasmada tevê, trazer de tudo de todo o mundo, eu, confesso; fico triste olhando para a parede branca acetinada e ver que naquele canto não há mais a TV.
A tevê esta morta, e o móvel, seu esquife, com ela se foi para o mesmo lugar, onde jazem outros mortos que logo esqueci, Mas tu TV não esquecerei, teu corpo prata, teu som estéreo e se querem saber, é bom que eu diga, estou preocupado!
Não há mais novela, não há mais o ancora indignado do horário de rush, que condena o crime bárbaro de ontem de hoje e do encomendado para amanha, não há mais tiros, gritos e aeronave caindo logo depois da favela.
Não há mais horário político, e eu iletrado, que compulsivo só voto quando vejo o candidato na TV, que irei fazer; em quem vou voltar? Se a TV, jaz morta em algum lugar.
Como irei me divertir sem a olhadinha, sem a novelinha denominada mini-série! O que irei fazer, com este cabo, que logo que morta a TV, resolveu aparecer em destaque brilhante na parede branca acetinada, biltre, irresponsável, sem utilidade outra, o que farei contigo?
O que farei com minha vida oca sem a TV como irei administrar meu tédio, se não tenho aquele programa vespertino onde a estranha dama empoada sempre tinha soluções imediatas para quaisquer caos, desde o social até o conjugal.
Aonde irei encontrar economistas especialistas que me digam o que fazer com o dinheiro do décimo terceiro, e o que fazer com minhas faturas do cartão de credito?
Como vou viver sem a TV e suas soluções criteriosas para a classe B C D E e suas dicas de como empreender?
Mas, via de regra o psicanalista recomenda (na TV) ocupe teu tempo, com alguma coisa, lide com a perda e entusiasme-se pela vida! Experimente a internet, é outro mundo!... Será que é?
Outro dia, meu irmão, ao saber de minha perda; solicito, trouxe-me um objeto, resquício de uns anos passados; é um tal livro, ele disse-me que é bom para substituir a globalina e outras substancias canalizadas e satelizadas que estão no meu sangue. Será que funciona? Ler nestes tempos é bom prá que hein?