ALÉM DE QUEDA, COICE.
Os jovens citadinos podem até não entender o significado desse dito popular tão conhecido lá para as bandas do nosso interior. É o que se costuma dizer quando o azar vem em dobro. Ou seja, além de cair do cavalo, ainda pode ser atingindo com o coice que pode ser pior do que a própria queda.
É o que aconteceu agora com o povo do Haiti. O país, considerado um dos mais pobres do continente, com uma extrema desorganização política, é atingido por um devastador terremoto que, segundo estudiosos desses fenômenos, foi o maior dos últimos 200 anos. Diante da pobreza e desorganização do país, não há como se recuperar sozinho dos efeitos de tamanha tragédia. É preciso contar com a ajuda de órgãos internacionais para diminuir o sofrimento daquele povo que viu “o fim do mundo” bater à sua porta. Foi essa a descrição de uma sobrevivente que, do alto de uma montanha, via lá em baixo a nuvem de poeira resultante do desmoronamento dos prédios. E, condoída pela emoção, narrava com a voz embargada o que os seus próprios olhos viam e gravava com o seu celular aquela cena dramática. Sabia perfeitamente que muitas vidas ali estavam sendo ceifadas impiedosamente pela catástrofe que avistava. E ali não se tratava de um bombardeio do homem, mas da própria natureza.
Diante do tamanho da tragédia, só a solidariedade humana e, principalmente, dos governantes de países ricos, pode amenizar o sofrimento daquele povo tão castigado pela desorganização administrativa do país e ultimamente pela natureza, antes com um furacão e agora com este terremoto, o pior de todos. Por isso, enquadra-se perfeitamente o dito popular em relação àquele país: “Além de queda, coice”.