A Escola
A Escola
Primeiramente, a escola diz: vá com calma, mas vá.
A escola desdenha de informações seqüenciais, organizadas, disciplinas idênticas para todos, metodologias baseadas em opiniões pessoais, satisfação de curiosidades vãs e todo e qualquer parâmetro válido em trabalhos meramente informativos.
A escola ausculta.
A única regra permanente é justamente a da contínua mutação dos métodos. Aquilo que pode ajudar numa fase, pode atrapalhar em outra. Aquilo que atrapalha hoje, pode ajudar amanhã. Aquilo que ajudará outros amanhã, tem, no entanto, uma base fundamental: os outros não são objeto de crítica e condenação. São objeto de ajuda. A escola não trata de individualidades.
Nota: não raro, o aluno está na escola e sequer sabe disso, ou, se supõe estar, julga-se no privilégio de possuir um preceptor só para si quando, na realidade, está apenas sendo trabalhado em separado para mudar certas características e depois ser integrado aos companheiros de aprendizado.
Todos somos companheiros de aprendizado.
Via de regra, a escola adverte que tudo que você acha que vai acontecer de um jeito, acontece de outro. Resultado: a escola estimula o treinar a atenção a cada instante e vigiar a qualidade da percepção. Os resultados só se tornam satisfatórios gradualmente, e põe gradualmente nisso.
O trabalho da escola sobre os escolhidos para aprenderem através dela é rigorosamente regido e planejado por forças e inteligências não compatíveis com a famigerada compreensão humana, e assim à margem dos critérios da lógica ou da pedagogia convencional.
Por isso mesmo, vá com calma. Sua origem é polidimensional e sua existência, permanente. O que está em jogo são seus esforços para aprimorar seu entendimento sobre esses dois fatores.
Todo aluno deve possuir um local em seu interior, onde seja possível entrar, fechar a porta e se ajoelhar diante do Pai. Com o tempo, esse local deve adquirir o status de “lar abençoado”. Ajoelhar, pois a escola entende que quem não se curva perante si mesmo, não pode reconhecer a vastidão que o cerca. Em segredo, já que não é da conta de ninguém o exercício (e os resultados) da sua proximidade com o Pai.
Na escola, respira-se.
Aqueles que, aparentemente, estão numa posição de especial relevância, são os que ainda não passaram no teste inicial, que implica em abandonar o hábito de olhar para o próprio umbigo.
A escola está adequada a linguagem e aos instrumentais de comunicação existentes no atual estágio da civilização.
Não existe uma característica padrão para que se entre na escola. Todavia, uma espécie de luz interior permite que os alunos se identifiquem uns aos outros silenciosamente, e que atuem somando forças na obtenção de propósitos. Esses propósitos sempre visam o coletivo.
Não é necessário sair de casa para freqüentar a escola.
Os alunos apresentam muito mais semelhanças do que diferenças.
A escola parte do princípio de que aquilo que não se percebe, não existe.
O aluno precisa compreender que muitas vezes não conseguirá aprender, de cara, o que os professores desejam transmitir, e que isso é totalmente normal e aceitável, já que se tivesse condições de captar imediatamente o conhecimento, não estaria onde está.
Pode ir com calma.
A escola não facilita e nem simplifica ensinamentos. Como dizem os hindus, os lábios da sabedoria estão selados a não ser para os ouvidos do entendimento.
A escola não tem verdades operacionais definitivas e por isso mesmo descarta completamente o que se subentende por forças superiores ou inferiores, possibilidades comparativas entre melhor e pior, mais evoluído ou menos evoluído.
Para a escola, aquele irmãozinho que está lá atrás, segurando a chaleira, é tão importante quanto o grande irmão, lá na frente, segurando o timão.
A escola apenas apresenta probabilidades de interação.
Após o baile de formatura, o ex-aluno deverá sempre desconfiar de sua própria verdade, continuando - em qualquer circunstância - a tentar torná-la mais completa.