"O VENDEDOR DE SONHOS"

Acabo de ler “O vendedor de sonhos” de Augusto Cury, livro que ganhei de minha mãe em meu aniversário. Para quem ainda não leu, um breve resumo aqui transcrito: “Um homem maltrapilho e desconhecido tenta impedir que um intelectual se suicide. Um desafio que nem a polícia nem um famoso psiquiatra tinham sido capazes de resolver. Depois de abalá-lo e resgatá-lo, esse homem, de quem ninguém sabe a origem, o nome ou a história, sai proclamando aos quatro ventos que as sociedades modernas se converteram em um hospício global. Com uma eloquência cativante, começa a chamar seguidores para vender sonhos em uma sociedade que deixou de sonhar. Nada tão belo e tão estranho... ao mesmo tempo em que arrebata as pessoas e as liberta do cárcere da rotina, arruma muitos inimigos...”

A narrativa, ao estilo de Cury, é apaixonante e faz com que nos encontremos a todo instante em seus personagens. Emociona, faz rir e principalmente pensar muito. Tanto que quando terminei a leitura do livro comecei uma nova leitura do mundo e de nosso papel dentro dele. Cheguei à conclusão de que vivemos realmente numa sociedade que tem se esquecido de sonhar, seja em virtude do ritmo de vida, do consumismo ou dos padrões atuais aos quais nos convencionamos.

Mas a boa notícia é que comecei a prestar atenção também nos “vendedores de sonhos” que ainda teimam em resistir. E dia deste me vi diante de um, que me comoveu e me fez pensar que nem tudo está perdido. No final do ano estive em um grande hospital e lá pude conhecê-lo.

O meu “Vendedor de sonhos” é um senhor que por algumas horas leva vida aos longos corredores daquele lugar. Sempre à mesma hora, chega com seus instrumentos e espalha no ar sua música maravilhosa. Pouco a pouco as portas vão se abrindo, as pessoas vão aparecendo para receberem o alento das melodias lindas e tocantes que invadem os corações apertados, muitas vezes entristecidos pela dor, pelo medo e pela fragilidade da eminência da morte ou da doença.

O momento é mágico. Difícil de ser descrito, inexplicável quando sentido. É quando todos ali se esquecem onde estão e viajam nas notas delicadas de uma gaita e de um violão que, como bálsamo, trazem uma mensagem de esperança a quem tanto precisa naquele momento. As músicas trazem conforto, encantam pela beleza, aliviam o sofrimento, fazem crer que a dor é condição humana e tudo vai passar como todas as coisas passam. Deus se faz presente, vivo e vem no sonho vendido por aquele homem: o sonho do conforto e da alegria.

Neste Ano Novo valeria, talvez como proposta de vida, um desejo em todos nós: que cada um possa ter em si um “vendedor de sonhos”. Comecemos com pouco. Os sonhos para serem importantes não precisam ser mirabolantes. Apenas devem representar aquilo que faz, a nós ou aos outros, um pouquinho mais felizes, como vi acontecer naquele hospital. Sonhos pequenos, que sejam, mas que tenham o poder de transformar a vida de alguém. Sonhos bons, sonhos saudáveis que representem um fio de esperança a quem dele necessite, neste novo tempo que começa. E quem puder que leia o livro. Ele também nos vende um sonho essencial: quem sonha já caminha para a realidade.

MARINA ALVES
Enviado por MARINA ALVES em 12/01/2010
Reeditado em 12/01/2010
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