O Coração da Mulher

O coração da mulher, que não é duro como pedra, mas moldado como um rubi, nunca será desvendado. Nem mesmo filósofos, ou médicos e cientistas, nenhum ser desbravador de desventuras mundanas do cotidiano irá entender o coração sentimentalista e inundado de mistérios de uma mulher.

Mulheres cultivam amores platônicos, saboreiam dentro de si, no ímpeto da alma, os amores não vividos, irreais, proibidos. E deitam-se ao lado de seus maridos, amando-os, mas apaixonadas por homens que admiram, desejando-os.

Nem sempre se entregam, essas mulheres, a seus amores ilusórios. Eles são apenas contemplados, e aí está seu charme, sua eternidade. Eles são cultivados, apenas, apaixonados.

Os homens também amam, e vangloriam-se. Em mesas de bares com chopes cremosos abrem seu coração a amigos. Mas desapaixonam-se fácil. Em pouco tempo o amor platônico e eterno, que era de uma bela mulher, mudou-se pra outra, como num trocar de carro. E se embebeda de amor, partindo em busca da mulher amada, a procura de sexo, sendo isso que o homem quer. O amor platônico do homem é o sexo. Ele tem o espírito carnal, diferentemente da espirituosa mulher, que sofre.

Mas existem as admirações platônicas, num sentimento que se funde de amor e amizade, fugindo do sexo, puramente sentimental, orgulhosamente da alma. Pode ser uma escritora francesa, uma diretora de cinema americana, uma pintora brasileira, uma intelectual russa. Admiramos o diferencial, o que não achamos nas milhares e milhares de mulheres que transpassam nossos caminhos, que se autodenominam simples. Admiramos as sofisticadas da mente.

Será que Clarice Lispector tomava café da manhã, almoçava e jantava como nós, pobres mortais? Ou usava toda sua introspectude mental de ser superior para alojar-se num lugar nobre, que nunca chegaremos. Difícil saber.

Mulheres geniais, diferenciadas, essas sim, são de admirar.